O programa Gaúcha+ desta segunda-feira (27) entrevistou o arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner, que atendeu no último sábado uma ligação do papa Francisco. Preocupado com a situação do coronavírus na cidade, o pontífice perguntou como estavam as populações pobre e indígena.
— O papa ama a Amazônia e sempre se mostrou preocupado. Na ligação, ele perguntou como estavam os pobres e os povos indígenas. Ele se mostrou preocupado com tudo, e eu pude descrever o que estava sendo feito pela Igreja. Manaus atende pessoas de todo o Estado e está com os hospitais tomados por pacientes. Manifestei minha preocupação, e, como ele é muito próximo, muito afável, disse que estava rezando e fazendo uma benção — contou Steiner.
A preocupação em telefonar é um exemplo das diversas atitudes do papa em favor dos mais necessitados, segundo o arcebispo:
— Tenho certeza de que ele ligaria para qualquer arcebispo. Ele não ligou por causa da minha pessoa, ele ligou porque tem preocupação com a pessoa humana. Onde as pessoas estão sofrendo, ele gosta de marcar presença, mesmo que seja por um telefonema.
Manaus foi a primeira cidade do país a ter o sistema de saúde colapsado pelo coronavírus. Com os leitos de UTI ocupados e tendo que enterrar vítimas da doença em valas comuns, o arcebispo frisou o compromisso da Igreja Católica com os que mais precisam:
— Para onde vão os pobres? A Igreja está indo ao encontro do povo que mais precisa, como moradores de rua, que estão quase à deriva, já que tudo está fechado, imigrantes, que vivem trabalhando na rua, e comunidades indígenas que vivem na cidade, somando mais de 35 mil pessoas.
A maior lástima para a Igreja, segundo ele, é não poder velar os mortos, ritual de grande importância na região.
— Aqui a despedida é muito importante, mais forte que no Sul. Alguns padres relataram que a sensação de não se despedir é uma perda maior ainda. O sepultamento é um ritual importante para a cultura e religiosidade local — afirmou.
O arcebispo de Manaus criticou a falta de cuidado do governo com o Sistema Único de Saúde (SUS) e leis como a do teto de gastos, que limitam a atuação da saúde em momentos como o da pandemia. Enquanto enfrenta este momento difícil, dom Leonardo busca manter o otimismo, assim como o papa:
— Como disse o papa Francisco, nós vamos caminhando para frente. Vamos rezando uns pelos outros, porque a geografia não nos separa, a oração se sobrepõe à geografia.