O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (20) que há mais quatro casos confirmados de coronavírus entre seus assessores que estavam na comitiva que viajou com ele para os Estados Unidos.
Em entrevista na frente do Palácio da Alvorada, Bolsonaro confirmou que apresentaram resultado positivo para covid-19 os exames de seu ajudante de ordens, Major Cid; do assessor internacional da Presidência, Filipe Martins; do diretor do Departamento de Segurança Presidencial, coronel Suarez; e do chefe do Cerimonial, Carlos França.
Com isso, sobe para 23 o número de pessoas que estiveram com o presidente nos Estados Unidos na viagem no início de março.
Apesar de ter tido contato com essas pessoas, Bolsonaro afirmou que manterá sua rotina de trabalho no Palácio do Planalto e que pode fazer novos testes:
— Fiz dois testes. Talvez faça mais um porque eu sou uma pessoa que tenho contato com muita gente. Talvez receba orientação médica.
Na noite desta quinta-feira (19), o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), Sergio Segovia, recebeu teste positivo para coronavírus, informou sua assessoria.
Segovia realizou um primeiro exame no último dia 13, que não detectou o vírus. Seguindo o protocolo, fez uma segunda análise na quarta-feira (18), que confirmou a infecção. Apesar de ter feito parte da comitiva que acompanhou Bolsonaro aos EUA, Segovia não viajou com ele no avião presidencial.
Dois ministros do governo já receberam teste positivo para o novo coronavírus: o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).
Nesta sexta, Bolsonaro lamentou estar afastado de Heleno, isolado por causa da doença.
— Estou chateado, o maior conselheiro meu, general Heleno está em casa. Mas a gente supera isso aí. É melhor estar do meu lado do que falar pelo telefone. Estamos fazendo nossa parte.
A assessoria do deputado federal Daniel Freitas (PSL-SC) confirmou o diagnóstico do parlamentar na terça-feira (17). Freitas começou a apresentar sintomas no último fim de semana e permanecerá em quarentena em Brasília.
Na segunda-feira (16) já haviam sido diagnosticados o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Flávio Roscoe, e o secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo. Roscoe diz ter conversado com Bolsonaro em Miami e almoçado com ele, mas não na mesma mesa. Troyjo não apresentava sintomas e trabalhava de casa em isolamento, segundo nota do Ministério da Economia.
Outro integrante da comitiva, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, teve o diagnóstico confirmado na segunda-feira.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência havia informado no domingo (15) que quatro membros da equipe que serviu de apoio à viagem de Bolsonaro a Miami estão infectadas com coronavírus.
Também no domingo, o publicitário Sérgio Lima, responsável pela comunicação da Aliança pelo Brasil, partido que Bolsonaro quer criar, informou que está com o coronavírus. A Folha confirmou que ele esteve com a comitiva do presidente nos Estados Unidos, na semana passada.
Além de Lima, ao menos outras seis pessoas que estiveram próximas a Bolsonaro durante viagem aos EUA, na semana passada, estão infectadas com o coronavírus.
Um deles é o de um empresário que estava no grupo que acompanhou a visita do presidente aos EUA. Ele preferiu não se identificar.
Três outros casos são de integrantes da comitiva oficial de Bolsonaro na viagem à Flórida. Anunciaram que contraíram a doença o chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Fabio Wajngarten, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) e o diplomata Nestor Forster, indicado para o cargo de embaixador do Brasil em Washington.
A advogada Karina Kufa, tesoureira do Aliança pelo Brasil, disse que seu exame deu positivo. Ela está em isolamento e, pelas redes sociais, tem atualizado seu estado de saúde.
— Hoje acordei bem melhor, os sintomas praticamente sumiriam. Até agora não tive febre e falta de ar, que são os fatores de alerta — escreveu a advogada no último dia 14.
Entre os anfitriões, o prefeito de Miami, Francis Suarez, anunciou no dia 13 ter recebido o diagnóstico positivo para o novo coronavírus. Ele participou de evento com Bolsonaro e sua comitiva no dia 9.
A Folha também confirmou que o número 2 da Secom, Samy Liberman, teve resultado positivo para o coronavírus.
Ele compareceu ao Planalto na última semana, ao regressar da viagem, o que gerou reclamação e desconforto de funcionários da presidência. Questionada formalmente, a Secom não quis comentar o resultado do exame de Liberman.
A confirmação de que pessoas que viajaram com o presidente estão infectadas levou à dispensa de diversos funcionários do Planalto.
Segundo relatos feitos à Folha, os militares que trabalham na presidência estão incomodados com o comportamento de Wajngarten, considerado irresponsável, por ele ter dito em transmissão ao vivo no dia 14 que já estava doente quando embarcou no voo de volta ao Brasil.