A orientação é clara: fique em casa. Essa recomendação de organismos nacionais, como o Ministério da Saúde, e globais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), serve para diminuir a velocidade de propagação do coronavírus e achatar a curva epidêmica.
Inúmeras empresas adotam o home office para contribuir com o combate à covid-19, mas nem toda a população tem a possibilidade de trabalhar remotamente. São policiais, médicos, garis, atendentes, entre outros trabalhadores, que precisam sair às ruas diariamente para garantir a ordem pública e o sustento familiar.
Há, ainda, aquelas inesperadas situações que obrigam quem está resguardado em quarentena a transitar pela cidade, seja para comprar algum medicamento ou comida, fazer uma viagem inadiável ou resolver problemas emergenciais. Nessas horas, subestimar a grau de contágio pode colocar em risco a vida de conhecidos e desconhecidos, amigos e familiares.
Declarado pandemia na quarta-feira (11), o coronavírus exige medidas inabituais e uma postura mais cautelosa nas relações sociais. Na cartilha da OMS, divulgada no mês passado, consta uma série de diretrizes para evitar a propagação da doença no ambiente laboral. Superfícies de trabalho e objetos como telefones e teclados devem ser regularmente higienizados com desinfetante, as mãos devem ser lavadas constantemente, e recomenda-se afastamento de um metro entre as pessoas.
Por ora, inclusive o aperto de mãos deve ser dispensado. Para que tudo isso seja colocado em prática no ambiente de trabalho, a OMS pede que as empresas ofertem sabonete e álcool em gel nos banheiros.
Outro ponto que a organização lista é distribuir cartazes que incentivem os trabalhadores a higienizar as mãos. No mesmo sentido, o Ministério da Saúde recomenda que trabalhadores adotem horários alternativos para que não ocorra horários de pico no transporte público.
Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, a médica Roberta Schiavon explica que essa estratégia governamental de incentivar o teletrabalho tem como premissa liberar o transporte público para quem não tem alternativa. Para contribuir com o combate à propagação da doença, ela sugere às pessoas que precisam sair de casa a adotarem o veículo particular, a bicicleta ou ir a pé mesmo. Estando no transporte coletivo, como ônibus e metrô, evitar segurar nas alças de apoio. Se for inevitável, lavar imediatamente as mãos ao descer. Outra dica importante é virar de costas e se afastar ao ver alguém tossir. Manter as janelas abertas e sentar-se próximo a elas deve ser levado em conta mesmo em dias frios.
— E higienizar, higienizar e higienizar as mãos ao longo do dia. Como dá para perceber, não há uma medida única a ser tomada. É um conjunto de atitudes que precisa ser posto em prática — observa.
André Luiz Machado, infectologista do Hospital Conceição de Porto Alegre, sustenta que tomando esses cuidados será possível achatar a curva de contaminação a ponto de evitar o colapso do sistema de saúde.
— Esse comportamento, sobretudo de desinfecção, retarda a disseminação do vírus. É importante que todos façam, pois há um número muito grande de pessoas assintomáticas portadora da covid-19 — conclui.
Somente em Porto Alegre, já são 16 casos confirmados de coronavírus, sendo um por transmissão local — que acontece quando um paciente contaminado que esteve no Exterior transmite o vírus para outra pessoa, sendo possível identificar a origem da infecção. Anteriormente, o município tinha apenas casos importados. No Estado, o número chega a 19.