O Brasil foi beneficiado por lidar com o coronavírus três meses após o início da pandemia em Wuhan, na China. Dentre os aprendizados destacados por analistas, estão a eficácia das restrições de viagens e de aglomerações e o incentivo ao isolamento domiciliar.
Quarentenas de cidades ou regiões só devem ocorrer em último caso, ressalva Deisy Ventura, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP. As consequências são graves para os mais pobres. Ela cita, como exemplo, a quarentena de uma favela de Monróvia, na capital da Libéria, em 2014: sem acesso a água e comida, a população passou fome e sede. A Itália, ao aplicar quarentena no país, injetou 25 bilhões de euros na economia.
Em meio à crise fiscal, o Brasil, porém, não possui dinheiro para isso.
— Não temos nenhuma razão para pensar em colocar uma cidade em quarentena. É diferente de encorajar a suspensão de eventos públicos em lugares fechados ou de viagens. Isso não é quarentena, mas uma recomendação pertinente para reduzir a aceleração da propagação e evitar a sobrecarga do sistema de saúde público — avalia Deisy.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins:
O país também aprendeu com erros de outros países. China e Itália, por exemplo, sofreram com o descuido em funcionários de hospitais, que lidavam com pacientes de um vírus altamente contagioso. Agora, equipes de saúde sabem que precisam se paramentar.
— A China fez uma grande contenção territorial, algo muito acertado. Mas medidas protetivas são importantes. Isso pressupõe ter equipamentos de proteção e treinamento de como lidar com a situação. Verificou-se que os profissionais de saúde são os mais vulneráveis. Autoridades sanitárias precisam olhar para as equipes de enfermagem. Passado um mês e meio, a China está colhendo os frutos e o número de novos casos é pequeno — destaca Dário Frederico Pasche, professor do curso de Saúde Coletiva da UFRGS.