Superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Estado (Senar-RS), Eduardo Condorelli foi diagnosticado com coronavírus no último domingo (29). Internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, desenvolveu uma pneumonia decorrente da doença mesmo sem pertencer a nenhum dos grupos de risco.
– Por sorte, sou relativamente jovem, não fumo, não bebo. Mas, mesmo assim, passei por alguns momentos difíceis – disse Condorelli em vídeo compartilhado pelo WhatsApp com seus contatos mais próximos.
Isolado, na espera pela alta hospitalar, o superintendente concedeu uma entrevista à GaúchaZH. Pediu que fosse por escrito, porque, ao falar, a tosse ainda é constante. Sem viagens recentes ao Exterior, Condorelli desconhece onde contraiu o vírus – esteve fora do Estado apenas entre 9 e 11 de março, quando foi a Curitiba – e pede que as pessoas não subestimem seu risco.
Quando você suspeitou que estava com covid-19 e quais eram os sintomas?
Na segunda-feira à noite, dia 23 de março, quando surgiu febre baixa.
Quais foram as orientações médicas após o diagnóstico?
Meu diagnóstico só ocorreu oficialmente três dias após estar no hospital, no dia 29 de março. Inclusive, pelo que entendi, até este momento, os testes da covid-19 só estão disponíveis para pessoas internadas com suspeita.
Os seus familiares estão em isolamento?
Minha esposa está em isolamento social em casa, sem nenhum sintoma até este momento.
Como você tem se sentido?
Dei entrada no hospital na tarde de quinta-feira (26) com febre alta (39,3°C). Nos primeiros três dias, tive momentos não tão bons, muita febre, muita tosse e muita dor no corpo, quadro compatível com a pneumonia viral que se desenvolveu. Hoje, estou bem, já sem febre. Sigo com um pouco de tosse, às vezes disparam alguns acessos de tosse.
Qual tratamento os médicos tem administrado?
Quando dei entrada, foram administrados antibióticos, inclusive Tamiflu, que logo após a confirmação de coronavírus foi suspenso. Como demorei a reagir, um dos antibióticos foi substituído, além de ter sido introduzido um xarope. No meu caso, não foi uma "gripezinha", virou pneumonia mesmo, e das fortes.
A doença não pode ser definida como uma "gripezinha", então.
Sempre tive muita fé na cura, apesar de ter duvidado da facilidade dela em um momento difícil que passei no sábado (28) à noite. Saber que a cura depende exclusivamente de seu corpo, sabendo que para todos o agente causador é uma incógnita, é muito chato. Nessas horas, a gente acredita nos médicos e em Deus. Pelo que entendi, para alguns, não haverá sintoma. Para outros, talvez até seja uma "gripezinha" com alguns poucos espirros. Mas, para outros, mesmo que poucos, pode virar algo sério. Tenho 46 anos, não fumo nem tenho doença crônica, e digo que, para mim, não foi fácil. Agora, entendo por que precisamos ter tanto cuidado com as pessoas dos grupos de risco. Para estes, os sintomas mais graves podem realmente se tornar insuperáveis.
O que você diria para as pessoas que têm diminuído a gravidade da pandemia e desrespeitado o isolamento social?
Sei da importância de evitarmos um colapso econômico, que não poderemos ficar em casa por muito mais tempo, mas precisamos logo de uma estratégia bem feita para que possamos realmente saber como controlar tudo isso antes de voltarmos de vez para as ruas. Esse vírus não está de brincadeira, desafiá-lo nas ruas, de qualquer forma, sem planejamento, é estar se expondo a algo que pode ser muito doloroso fisicamente e, mais do que isso, expondo nossos entes mais frágeis a algo que muitos talvez não consigam superar. Pelo que entendi, não existe remédio para este agente causador da doença. Todas as medicações vêm no sentido de criar obstáculos para o vírus enquanto nosso corpo se organiza para gerar a cura. Por isso, a importância de um corpo sadio e a dificuldade para aqueles do grupo de risco nos casos de sintomas mais fortes, como nessa pneumonia viral.