As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre possíveis formas de encarar a pandemia do coronavírus no Brasil têm causado polêmica e divergências de opiniões. Bolsonaro, que defende a reabertura do comércio e a liberação de trabalho para a população, vem sendo altamente criticado por tais atitudes. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta segunda-feira (30), o presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, falou sobre o vírus no país, e defendeu piamente o isolamento social total.
Questionado sobre as declarações de Bolsonaro perante à crise, Beltrame afirmou que atitudes como essa "mais atrapalham do que ajudam". Para ele, o isolamento segue sendo a medida essencial para conter a disseminação do coronavírus.
— As atitudes do presidente beiram a irresponsabilidade e afrontam orientações do Ministério da Saúde e de outras unidades sanitárias do mundo inteiro. No momento em que o líder máximo de uma nação deveria dar o exemplo, estamos na contramão — afirma.
Beltrame considera inadequadas as comparações da covid-19 com outras doenças, como H1N1. Segundo ele, além do risco de vida entre as pessoas, também é preciso preocupar-se com o sistema de saúde, que poderá entrar em colapso em razão da alta contaminação do vírus.
— Quanto mais pessoas contaminadas pelo coronavírus, mais chances de termos, entre essas, casos graves. Não dá para comparar. O sistema de saúde também está em risco, não são só as pessoas. É preciso seguir orientações técnicas, não é o momento de apostar com a saúde das pessoas.
O secretário ainda salientou que, mesmo que haja a preocupação com a situação da economia, é mais do que essencial manter as pessoas em isolamento, em casa. Beltrame fala que, "se a ciência aponta na direção do isolamento horizontal como medida principal contra a doença, não é razoável que outras pessoas digam o contrário".
— É um recado muito claro: para a economia, a gente trabalha, recupera. Mas não haverá economia com pessoas mortas. Também estamos preocupados com essa situação no país, mas não conseguiremos retornar as vidas que perderemos se formos contra as recomendações da ciência.
Confira a entrevista completa: