Os lares de idosos tiveram de transformar sua rotina por causa da ameaça do coronavírus. Como a letalidade do vírus é alta entre pessoas mais velhas, cuidados máximos de prevenção estão sendo tomados.
Uma das instituições mais tradicionais do Rio Grande do Sul, o Asilo Padre Cacique implantou medidas severas para deixar a epidemia do lado de fora de seus portões. A partir do momento em que os primeiros casos de infecção foram confirmados no país, o lar de Porto Alegre proibiu visitas, suspendeu todos os eventos (bailes, bingos, festas de aniversário), cortou as atividades de voluntários e fechou seu brechó. Parentes só podem visitar idosos com a autorização do médico da instituição e se justificarem essa necessidade.
Além disso, os 103 internos devem manter distância uns dos outros. Os profissionais do Padre Cacique passam o dia revisando os espaços coletivos e procurando conscientizar os velhinhos sobre os cuidados necessários.
— O nosso tipo de morador é o mais vulnerável que existe: velho, pobre, debilitado e com doenças antecedentes. Muitos respiram com dificuldade. Se já temos cuidados no dia a dia, agora é necessário fazer muito mais. A rotina mudou muito — relata Edson Brozoza, presidente do Padre Cacique.
Funcionários e fornecedores estão sendo orientados a evitar contato físico com os vovôs. Portas e janelas são mantidas abertas, para arejar os ambientes. E os técnicos e enfermeiros trabalham com equipamentos de proteção. Brozoza reconhece que é um momento bastante complicado para os idosos:
— Para eles, o pior dia sempre foi o domingo, porque quase não aparecem parentes, voluntários e padrinhos. Agora, os dias de semana estão parecendo domingo também. A atividade é ver TV e ler. Não tem outra. Eu nem circulo, porque eles querem abraçar e beijar, e fica difícil explicar que não pode. Mas a questão é que, se um pegar o vírus, fatalmente vai haver contágio. Esse é o nosso grande medo.
O asilo está com carência de álcool gel e de máscaras de proteção. Para comprar esses equipamentos, terá de cortar em outros suprimentos. Por isso, Brozoza pede à comunidade que ajude com doações. Basta comparecer ao local (Av. Padre Cacique, 1178, Porto Alegre), entre às 8h e às 18h.
O hotel residencial para idosos La Vie Rose também adotou medidas de proteção para seus 43 hóspedes. Reforçou os dispensadores de álcool gel, orientou as camareiras a fazer higienizações constantes (em maçanetas, por exemplo), promoveu treinamentos com a equipe de profissionais e estabeleceu a regra de que fornecedores não entram mais no estabelecimento (os insumos são recebidos na porta). Além disso, qualquer pessoa que chegue deve se higienizar já na recepção.
— Não tem mais beijo, abraço e aperto de mão. Os cumprimentos são à distância, desde a semana passada. Enviamos um informativo a todas as famílias pedindo para só visitarem em caso de necessidade. Se viajaram, não devem vir. Neste fim de semana, o número de visitantes já diminuiu em torno de 50% — diz a gerente, Cláudia Figini.
Como alternativa, o estabelecimento disponibilizou um número de WhatsApp por meio do qual os familiares podem contatar os velhinhos através de chamadas de vídeo.