O número de casos suspeitos de coronavírus no Brasil subiu de 252 para 433, anunciou o Ministério da Saúde na tarde desta segunda-feira (2), em coletiva de imprensa em Brasília. No Rio Grande do Sul, os possíveis casos cresceram de 27 para 73.
Há, no momento, dois casos confirmados de coronavírus no Brasil, ambos em São Paulo e importados da Itália. Ambos os pacientes passam bem e nenhuma pessoa do convívio tem qualquer sintoma, informou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.
No Rio Grande do Sul, o número de cidades com possíveis casos subiu de nove para 23, divulgou a Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS) também na tarde desta segunda-feira. Porto Alegre é a principal afetada, com 42 pessoas em acompanhamento, seguida de Passo Fundo, com três.
— Estamos no nível três de alerta, na fase de contenção. Nosso objetivo é evitar a dispersão, entendendo que há transição para uma fase de mitigação, onde vamos trabalhar para evitar casos graves e óbitos — acrescentou Oliveira.
O Rio Grande do Sul segue como segundo Estado com mais possíveis diagnósticos da doença, atrás apenas de São Paulo, onde 163 indivíduos estão em acompanhamento. Pela primeira vez, há casos suspeitos na região norte do Brasil, no Amazonas, em Roraima e Rondônia.
Segundo a pasta, o número de casos deu um salto porque acumula novos números que não foram atualizados no fim de semana. A tendência é de que haja aumento também porque o governo federal mudou, nesta segunda-feira, a forma de avaliar os possíveis casos de coronavírus no Brasil.
Antes, Estados enviavam uma lista dos casos suspeitos ao governo federal, que por sua vez reanalisava cada quadro e divulgava o número de pessoas que poderiam ter a doença no país. Agora, após treinar os governos estaduais, o Ministério da Saúde divulga diretamente os números apurados pelos Estados, sem analisar novamente cada pessoa. A alteração foi feita para agilizar a resposta à doença.
Segundo o Ministério da Saúde, o governo federal trabalha para que, nos próximos 20 dias, todos os Estados do Brasil realizem sozinhos o diagnóstico de coronavírus – o Rio Grande do Sul deve ser um dos primeiros. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está produzindo 10 mil testes de diagnóstico. O governo federal comprará mais 20 mil exames estrangeiros e distribuirá, no total, 30 mil kits aos Estados. Por enquanto, a confirmação para a doença exige análise do governo federal.
— Queremos chegar ao ápice do inverno com todos os Estados aptos a fazer (o diagnóstico) no plano estadual — afirmou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Mesmo que os Estados realizem o diagnóstico, os exames seguirão para análise do governo federal, que irá sequenciar o genoma dos vírus para identificar a origem – a ideia é descobrir se o Brasil tem mais coronavírus da Itália, da China ou de outro país.
O ministro da Saúde disse que trabalhará com o atual orçamento da pasta para enfrentar a doença, mas que irá para o Congresso na quarta-feira que vem (11) para solicitar liberação de mais verba.
— Vou visitar o Congresso e avisar que estejam preparados para uma situação de emergência que exija maior alocação de recursos. E (solicitar) que, do orçamento de hoje, haja agilidade para execução orçamentária, para não haver lentidão quando houver tomada de decisão de gastos orçamentários.
Rio Grande do Sul
Mandetta acrescentou que o Rio Grande do Sul é, possivelmente, o Estado mais vulnerável do Brasil para coronavírus:
— Na última epidemia de H1N1, o Estado mais sobrecarregado foi o Rio Grande do Sul. No surto de coronavírus, é o Rio Grande do Sul o Estado com maior número de idosos. A gente sabe que pode haver maior sobrecarga lá.
No mundo, mais de 87 mil pessoas tiveram diagnóstico confirmado para coronavírus e quase 3 mil morreram, segundo o relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado no domingo (1º).
As estatísticas mostram que, para a maior parte das pessoas, o coronavírus se manifesta como uma gripe comum. A mortalidade é de 3,4% e predomina entre idosos com problemas respiratórios prévios ou baixa imunidade. Em geral, homens morrem mais.
A principal recomendação da OMS e do governo brasileiro contra o coronavírus é simples: lavar as mãos sempre que chegar da rua e evitar espirrar nos outros. Em locais públicos, evite tocar em objetos e depois na boca, no nariz ou nos olhos. Ao usar álcool gel, opte pela versão 70%.
Para ajudar no combate ao coronavírus, o governo brasileiro antecipou a campanha nacional de vacinação contra a gripe da metade de abril para 23 de março. A vacina contra o vírus influenza não protege contra o coronavírus, mas as duas doenças têm sintomas parecidos e podem levar uma pessoa com gripe comum a uma emergência, sem necessidade.
GaúchaZH divulga todos os casos suspeitos de coronavírus?
Não divulgamos todos. GaúchaZH, Zero Hora, Diário Gaúcho e Rádio Gaúcha só noticiam casos de pacientes com suspeita ou confirmação de contágio por coronavírus quando divulgados pelo Ministério da Saúde, órgão que atua em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins: