A confirmação por parte do Ministério da Saúde, nesta sexta-feira (13), de que a covid-19 já é transmitida de maneira sustentada no Brasil deve anteceder um aumento expressivo no número de casos e a possível adoção de novas medidas para tentar conter a circulação do coronavírus.
Esse tipo de contágio ocorre quando não é mais possível vincular uma contaminação a alguém que contraiu o vírus fora do país e representa o estágio mais avançado de disseminação da doença. O governo federal reconheceu que a forma de infecção também chamada de comunitária já ocorre nas capitais de Rio de Janeiro e São Paulo.
Essa etapa é o terceiro grau na evolução da pandemia dentro de um país. No primeiro nível, são registrados apenas casos importados. No segundo, chamado de transmissão local, um paciente contrai o vírus em solo nacional ao entrar em contato com alguém que se contaminou no Exterior. Na terceira fase, na qual o Brasil ingressou oficialmente, já não é mais possível rastrear a origem da infecção porque circula entre a população.
Uma das consequências dessa elevação de patamar, conforme o infectologista do Hospital Divina Providência Sidnei dos Santos Júnior, deverá ser o aumento significativo no número de casos registrados — embora seja ainda muito cedo para afirmar em que taxa esse crescimento deverá ocorrer. Até agora, o ministério confirmou 98 testes positivos para o coronavírus, mas já se sabe que essa cifra não contabiliza muitas notificações já confirmadas por hospitais que ainda não entraram na estatística oficial.
— Muito provavelmente, teremos um aumento muito significativo no número de contaminações. O quanto isso vai ocorrer, só o tempo vai dizer, e também dependerá das medidas que forem tomadas para frear esse avanço — explica.
Uma das possibilidades é a intensificação de medidas como cancelamentos de eventos públicos ou de atividades que coloquem muitas pessoas próximas umas das outras em ambientes fechados. Mas é importante determinar o melhor momento para tomar esse tipo de iniciativa, conforme o especialista.
— Onde se adotou esse tipo de medida, o resultado foi bom. Mas é importante escolher o momento ideal, nem muito cedo, quando pode ser desnecessário, nem tarde demais, quando pode já não ter o impacto esperado — analisa Sidnei dos Santos.
O infectologista do Hospital Conceição André Luiz Machado da Silva acredita que outras medidas poderão ser adotadas conforme o número de registros aumentar. Em situações quando se registra mais de mil casos, por exemplo, pode se optar por testar apenas os pacientes mais graves, com indicação de internação, a fim de otimizar recursos. Mas o importante é que as medidas de prevenção pessoal devem se manter as mesmas.
— É fundamental seguir as recomendações já informadas e, com exceção de quem tenha falta de ar ou cansaço extremo, deixar as emergências livres para grupos de risco, como pacientes com diabetes, câncer, problemas cardiovasculares ou mais de 60 anos. Os demais casos devem buscar atendimento ambulatorial — sustenta Silva.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins:
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