O governo estadual apresentou para Santas Casas, coordenadorias regionais de saúde e prefeitura de Porto Alegre, nesta terça-feira (11), o plano de contingência que deve ser implementado se o coronavírus atingir o Rio Grande do Sul. O documento descreve o fluxo de trabalho a ser aplicado em postos de saúde, unidades de pronto-atendimento (UPAs) e hospitais caso o coronavírus chegar ao Estado. É como um manual para que profissionais da saúde saibam como lidar com uma ocorrência.
Quase 270 Santas Casas e hospitais filantrópicos gaúchos devem seguir os fluxos apresentados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). Hoje, uma pessoa é suspeita para coronavírus se viajou para a China nos últimos 14 dias e apresentou febre acompanhada de algum sintoma respiratório (tosse ou dificuldade para respirar). Ou ainda se tenha tido contato com um possível infectado e também apresentado esse mesmo quadro clínico.
Até agora, ninguém com suspeita de contágio no Rio Grande do Sul precisou ser internado em hospital. Todos tinham sintomas leves e foram orientados a se isolar em casa até melhorar da saúde. A prefeitura de Porto Alegre já havia reunido, na semana passada, todos os hospitais públicos e privados da Capital, além de convênios, para tratar do mesmo assunto.
O último boletim do Ministério da Saúde, desta terça-feira, informa que o Brasil tem oito casos suspeitos de coronavírus: Minas Gerais (um), Paraná (um), Rio Grande do Sul (um), Rio de Janeiro (dois) e São Paulo (três). Em território gaúcho, segue sob suspeita uma mulher de 56 anos que mora em Porto Alegre e visitou a China, segundo a SES. Ela apresenta quadro leve e foi orientada a manter tratamento e isolamento em casa.
O último relatório da OMS aponta que há 43,1 mil casos confirmados de coronavírus em 24 países e 1.018 mortes (1.016 na China, uma nas Filipinas e outra em Hong Kong).
Esclareça suas dúvidas sobre o coronavírus
O que é?
O coronavírus é uma família de vírus que causa síndromes respiratórias, como resfriado e pneumonia. Versões mais graves do coronavírus causam doenças piores, como a temida Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês), responsável pela morte de mais de 600 pessoas na China e em Hong Kong entre 2002 e 2003. A versão de vírus que circula agora é uma espécie nova, desconhecida da comunidade médica, e o medo é de uma pandemia global.
Quais os sintomas?
Dentre os possíveis sintomas estão febre, dor, dificuldade para respirar, tosse, diarreia e pneumonia.
Onde surgiu?
Na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China. A metrópole de 11 milhões de habitantes está isolada. Trens e voos foram interrompidos e detectores de febre foram instalados nas estações de embarque e no aeroporto. Nas estradas, a temperatura corporal é medida pelos postos de controle e, para sair da cidade, o transporte não pode ser feito de carro. Para evitar qualquer concentração de pessoas, as autoridades anularam as comemorações do Ano-Novo Lunar chinês na cidade. As autoridades também proibiram qualquer espetáculo e fecharam um museu.
Como surgiu?
O Centro para Vigilância e Prevenção de Doenças (CDC), equivalente dos Estados Unidos à Anvisa, identifica um grande mercado atacadista de peixes e frutos do mar na cidade de Wuhan como a origem das infecções.
Como ele é transmitido?
De animal para pessoa e de pessoa para pessoa. Segundo o governo chinês, o vírus pode se modificar e ser transmitido mais facilmente. Conforme o CDC, pessoas mais velhas parecem ter maior risco.
Como é o tratamento?
Não há tratamento contra o coronavírus em si, apenas contra os sintomas. Pacientes tomam remédio para baixar a febre e podem receber máscara de oxigênio para respirar melhor, por exemplo.
Quais os cuidados?
Lavar as mãos (sobretudo quem passar por aeroportos), evitar contato dos dedos com mucosas do nariz, olhos e boca. É recomendável usar álcool em gel.
A vacina contra a gripe protege?
Não. Segundo Alexandre Zavascki, chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o vírus da gripe não é o coronavírus, e sim o influenza. Portanto, a vacina regular tomada antes do inverno não protege.
Por que o nome coronavírus?
O nome vem do latim corona, que significa coroa. Visto de um microscópio, o coronavírus parece uma coroa ou auréola.