Quando um assunto ganha as manchetes dos veículos de comunicação e preocupa a população, muitas vezes o efeito reverso é o surgimento de informações e suposições falsas nas redes sociais. O surto do novo tipo de coronavírus, registrado nas últimas semanas na China e com casos mais esparsos em outros países, tem sido alvo de mensagens dessa espécie.
Chegado fevereiro, mês do Carnaval, a preocupação dos brasileiros é com a vinda, nesta época do ano, de milhares de estrangeiros de todos os lugares do mundo, para curtir a festa no país. Mensagens que circulam na internet dão conta de que a tradicional festividade seria a porta de entrada do coronavírus no Brasil. Será que é verdade?
Segundo o Ministério da Saúde, não há comprovação de que o vírus esteja circulando no país e, portanto, "não há precauções adicionais" recomendadas para o público em geral. O isolamento só é recomendado para casos suspeitos, então não haveria risco nas aglomerações que ocorrem no Carnaval. A pasta informou, no final de janeiro, que não tomará medidas drásticas, como a barragem de chineses no país, durante a festa, que ocorre no final de fevereiro.
Outra mensagem disseminada nas redes aponta que o Brasil estaria em "alerta vermelho" em razão do coronavírus e orienta a população a não participar de nenhum evento de Carnaval. A respeito desta (des)informação, o Ministério da Saúde reitera que não há comprovação de que o coronavírus esteja no Brasil, que não há precauções para o público em geral e não está sendo aconselhado o isolamento.
O Brasil tem 11 casos de suspeita de contaminação por coronavírus, sendo cinco no Rio Grande do Sul, mas nenhuma infecção confirmada. São considerados suspeitos os casos de pessoas que estiveram recentemente na China e apresentam quadro de febre, tosse e/ou problemas respiratórios. O país asiático ultrapassa os 24 mil casos confirmados e já registrou 494 mortes pela doença.
Esclareça suas dúvidas sobre o coronavírus
O que é?
O coronavírus é uma família de vírus que causa síndromes respiratórias, como resfriado e pneumonia. Versões mais graves do coronavírus causam doenças piores, como a temida Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês), responsável pela morte de mais de 600 pessoas na China e em Hong Kong entre 2002 e 2003. A versão de vírus que circula agora é uma espécie nova, desconhecida da comunidade médica, e o medo é de uma pandemia global.
Quais os sintomas?
Dentre os possíveis sintomas estão febre, dor, dificuldade para respirar, tosse, diarreia e pneumonia.
Onde surgiu?
Na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China. A metrópole de 11 milhões de habitantes está isolada. Trens e voos foram interrompidos e detectores de febre foram instalados nas estações de embarque e no aeroporto. Nas estradas, a temperatura corporal é medida pelos postos de controle e, para sair da cidade, o transporte não pode ser feito de carro. Para evitar qualquer concentração de pessoas, as autoridades anularam as comemorações do Ano-Novo Lunar chinês na cidade. As autoridades também proibiram qualquer espetáculo e fecharam um museu.
Como surgiu?
O Centro para Vigilância e Prevenção de Doenças (CDC), equivalente dos Estados Unidos à Anvisa, identifica um grande mercado atacadista de peixes e frutos do mar na cidade de Wuhan como a origem das infecções.
Como ele é transmitido?
De animal para pessoa e de pessoa para pessoa. Segundo o governo chinês, o vírus pode se modificar e ser transmitido mais facilmente. Conforme o CDC, pessoas mais velhas parecem ter maior risco.
Como é o tratamento?
Não há tratamento contra o coronavírus em si, apenas contra os sintomas. Pacientes tomam remédio para baixar a febre e podem receber máscara de oxigênio para respirar melhor, por exemplo.
Quais os cuidados?
Lavar as mãos (sobretudo quem passar por aeroportos), evitar contato dos dedos com mucosas do nariz, olhos e boca. É recomendável usar álcool em gel.
A vacina contra a gripe protege?
Não. Segundo Alexandre Zavascki, chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o vírus da gripe não é o coronavírus, e sim o influenza. Portanto, a vacina regular tomada antes do inverno não protege.
Por que o nome coronavírus?
O nome vem do latim corona, que significa coroa. Visto de um microscópio, o coronavírus parece uma coroa ou auréola.