A cepa de coronavírus que se tornou epidêmica entre humanos veio de algum animal, mas até o momento não há qualquer indício de que o vírus possa ser transmitido de humanos para outras espécies — e vice-versa.
Pelo que os cientistas sabem, a origem do vírus seria provavelmente um morcego, que teria infectado um hospedeiro intermediário de espécie até o momento desconhecida. Cientistas chineses já apontaram que o pangolim (um mamífero que vive na África e na Ásia) poderia ser esse hospedeiro, mas nada foi confirmado, ainda.
Seria por meio do hospedeiro que a primeira pessoa teria sido contaminada, por uma versão modificada do vírus capaz de infectar humanos — a cepa batizada de covid-19. Essa transmissão de animal para homem, acredita-se, teria sido um episódio isolado.
— Não há informação de que possa ocorrer transmissão de animais para humanos ou de humanos para animais — observa Lessandra Michelin, infectologista e diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia.
A especialista tem recebido questionamentos de donos de animais domésticos, preocupados com a possibilidade de que os pets possam adoecer e transmitir a doença. Um site de Hong Kong chegou a afirmar que o cão de uma paciente com coronavírus teria testado positivo para o vírus e estaria em isolamento.
Se a notícia for verdadeira, avalia Lessandra, é provável que o cão não estivesse infectado, mas colonizado. Na infecção, o vírus é contraído e causa doença. Já a colonização ocorre quando o vírus entra em contato e permanece no local durante seu período ativo — que no caso do covid-19 é de nove dias.
Isso significa que uma pessoa doente pode repassar o vírus para a pelagem de um animal e que outra pessoa que tiver contato com esse animal pode se infectar – neste caso, o risco é igual ao de contaminação por contato com qualquer outro objeto, como a tela de um smartphone, por exemplo. Da mesma forma que não se considera que o telefone transmita o vírus, não se pode dizer que foi o animal que o transmitiu.
— É uma situação diferente de pegar o vírus da secreção de um hospedeiro intermediário. O que essa situação envolvendo animais domésticos reforça é a importância de sempre lavar as mãos — explica Lessandra.
Marcelo Vallandro, do Centro de Informações Estratégicas e Vigilância em Saúde do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, observa que a presença de cepas de coronavírus é comum em diferentes espécies animais, incluindo mamíferos. Também diz não haver elementos que levem a crer em uma transmissão de humanos para animais, mas prefere não ser taxativo:
— É um vírus novo. Tem de investigar.
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