Duas aeronaves VC-2 da Força Aérea Brasileira (FAB), que costumam ser usadas para transporte presidencial, decolaram por volta do meio-dia desta quarta-feira (5) da Base Aérea de Brasília em missão para buscar um grupo de brasileiros em Wuhan, epicentro do surto de coronavírus na China.
O tempo de voo de cada aeronave será de cerca de 23 horas. Em Wuhan, os brasileiros passarão por exames e avaliação médica. Somado o tempo no local, a missão deve durar em torno de 62 horas.
A previsão é de que o grupo chegue à cidade chinesa na noite de quinta-feira (6), de acordo com o fuso horário chinês, o que equivale ao início da tarde no Brasil. A chegada está prevista para a madrugada de sábado (8).
Conforme o advogado que representa o grupo de brasileiros que voltará ao Brasil, são 29 pessoas: crianças desde um bebê de colo (não foi informada a idade) até 11 anos e 22 adultos entre idosos, homens e mulheres adultos e estudantes. Na chegada, eles devem passar por quarentena de até 18 dias em uma base militar em Anápolis, em Goiás.
A capacidade máxima de cada aeronave VC-2 é de 30 pessoas. Elas têm 28 metros de comprimento e velocidade máxima de 985 km/h. O uso de duas aeronaves ocorre para evitar o contato próximo entre os passageiros.
Além delas, a missão para retorno do grupo será composta por outras duas aeronaves de apoio Legacy que partiram ainda na terça-feira (4) levando tripulações de revezamento.
Essas duas outras aeronaves, porém, devem ficar em Varsóvia para troca de equipes de tripulação, devido ao limite de jornada de voo dos militares. Com isso, o voo deve ocorrer de forma contínua, sem paradas para descanso.
Além dos passageiros e da tripulação, também devem estar a bordo de cada aeronave uma equipe médica, para o caso de apresentação de sintomas, e pessoas capacitadas para realizar missões do tipo DQBRN (defesa química, biológica, radiológica e nuclear). O objetivo é adequar o transporte de pessoas e materiais submetidos à ação de agentes químicos. A medida visa evitar a transmissão do coronavírus.
A tripulação de cada voo é composta por 11 pessoas. Já a equipe médica em cada uma delas é composta por sete pessoas, sendo seis médicos do Exército e um do Ministério da Saúde. O total de participantes da missão não foi informado.
Cada aeronave também levará um equipamento de assistência médica chamado de "bolha", em caso de necessidade de socorro. O comandante Damasceno, porém, diz que é baixa a probabilidade de uso, já que as pessoas não apresentam sintomas.
Antes do embarque, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, cumprimentou militares por participarem de uma "missão humanitária". Para ele, o governo deu uma resposta rápida ao pedido dos brasileiros. Inicialmente, porém, o governo informou que não havia intenção de buscar o grupo. A justificativa era a ausência de regras para quarentena no país.
Questionado sobre o atraso em adotar medidas em relação a outros países, o ministro apontou a falta de recursos como um impasse:
— Olha as distâncias, os recursos que eles têm. Há uma deficiência muito grande — afirmou.