O Ministério da Saúde (MS) elevou o risco no Brasil contra o coronavírus. Agora, o país está na faixa de risco iminente e um possível caso da doença, localizado em Belo Horizonte (MG), é monitorado. O caso suspeito em São Leopoldo foi descartado, assim como o em Curitiba (PR). Para conter o avanço do vírus, a pasta e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitem boletins de rotina de prevenção, atualizados constantemente, que devem ser seguidos pelos Estados e municípios.
O novo coronavírus já causou 133 mortes e tem mais de 6,1 mil casos confirmados, grande parte na China. Até o momento, não há nenhum caso confirmado na América do Sul.
Em seu portal, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou que, por determinação do MS, redobrou os cuidados com as pessoas que estiveram em qualquer região da China nos últimos 14 dias. A mudança no protocolo foi anunciada na terça-feira (28) e já está em vigor. Antes, a diretriz se restringia às províncias de Hubei e Guangdong. Quem chegar do país asiático e apresentar febre, tosse e dificuldade respiratória deve procurar imediatamente uma unidade de saúde.
Uma vez identificados estes sintomas, são feitos exames laboratoriais para verificar se o comportamento do vírus se assemelha ao encontrado na China. Em paralelo a isso, a pasta informa que a orientação é que pacientes suspeitos de estarem com a doença sejam “imediatamente isolados e tratados de acordo com a gravidade do quadro clínico”. Casos graves devem ser encaminhados para um hospital de referência, e os leves devem ser acompanhados pela atenção básica em saúde, com a recomendação de isolamento domiciliar.
A SES, quando indagada pela reportagem de GaúchaZH sobre os procedimentos a serem adotados pela rodoviárias, sobre a necessidade de uso de máscara de proteção e sobre quais seriam os centros de referência de atendimento para casos de suspeita no Estado, se limitou a informar por meio de nota que “o Ministério da Saúde emitirá um novo Boletim Epidemiológico sobre o novo coronavírus até o final da tarde desta quarta-feira (29)”.
Hospitais ativaram plano de ação
Enquanto a SES não informa a quais hospitais a população pode recorrer, as entidades se mobilizam. Cláudio Stadnik, infectologista da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, afirmou que, desde o início da possibilidade de uma epidemia, a instituição se movimentou para atender a possível demanda de casos suspeitos da enfermidade. Isso porque, segundo ele, mesmo que não haja casos confirmados, a procura por atendimento aumentará, já que as pessoas temem a doença:
— Temos, teoricamente, que nos prepararmos para o pior. Profissionais da saúde de todas as nossas portas de entrada estão capacitados para, rapidamente, fazer a identificação e, assim, evitar a disseminação do coronavírus para outras pessoas. Estamos prontos para fazermos a gestão de leitos e levar esse possível paciente infectado para um quarto privativo, como recomendam as organizações de saúde.
O Grupo Hospitalar Conceição (GHC) afirmou que, no dia 24 de janeiro, foi criado um protocolo para eventuais suspeitas de casos de coronavírus. Deste encontro, foi designada uma comissão para redigir o plano de contingência e iniciou-se um trabalho de mobilização de todas as equipes para o atendimento de eventuais casos.
Fraport emite mensagens sonoros sobre o coronavírus
Em seu site, a Anvisa relatou uma série de medidas que aeroportos precisam tomar caso seja identificado um paciente com suspeita de infecção por coronavírus. No caso de aviões, o desembarque não poderá ser feito: o serviço médico e a vigilância do município do aeroporto irão a bordo avaliar o paciente e o passageiro doente será removido para um hospital de referência.
Além disso, os outros passageiros passarão por uma entrevista com a vigilância epidemiológica para que possam ser monitorados, caso a suspeita seja confirmada posteriormente. Por fim, a Anvisa monitora o trabalho de desinfecção da aeronave, o descarte de resíduos e de efluentes. Caso a suspeita seja descartada na avaliação da equipe médica, ainda a bordo, o desembarque dos passageiros será liberado.
A Fraport, empresa que administra o aeroporto Salgado Filho, informou que sua campanha de conscientização sobre a doença está ativa desde o dia 25 de janeiro. Nela, é veiculado nas áreas de desembarque um aviso sonoro sobre o coronavírus disponibilizado pela Anvisa.
Rotina de trabalho nos portos foi alterada em função do vírus
Em navios, o procedimento é basicamente o mesmo. A diferença é que, no caso daqueles que já tiverem iniciado a operação de desembarque quando o caso suspeito aparecer, a Anvisa manda suspender a operação e os tripulantes ficarem a bordo. Nesta situação, deve ser investigado se o tripulante suspeito já desceu do navio, para que a vigilância epidemiológica realize a investigação de com quem o paciente teve contato.
Henrique Ilha, diretor de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade da Superintendência do Porto de Rio Grande, entidade responsável pela administração do sistema hidro portuário gaúcho, afirma que a rotina de trabalho no local já foi alterada para prevenir o avanço da doença:
— Nossas equipes fazem uso de óculos e máscaras de proteção. Vamos ampliar os postos de álcool em gel aqui em Rio Grande e já disponibilizamos cartazes informativos sobre o coronavírus. Estamos atentos à listagem que o capitão dos navios nos entrega a respeito da situação de saúde dos passageiros e tripulação, mas os funcionários do porto também observam o estado (de saúde) dos entrantes.
Ele ressaltou ainda que nesta quarta-feira haverá uma reunião entre a entidade, a vigilância e outros agentes da saúde, para alinhar processos e reduzir o tempo de ação em casos de identificação de indivíduos com a doença.