Porto Alegre alcançou um título ingrato: é a capital com maior prevalência de fumantes do Brasil. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Ministério da Saúde, fazem parte da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2018. A capital dos gaúchos também segue na liderança quando o assunto é o consumo de refrigerantes, aos moldes da pesquisa de 2017.
Conforme o levantamento, o percentual de entrevistados fumantes, de ambos os sexos, chega a 14,4% em Porto Alegre, contra 4,8% em Salvador e São Luís, ambas com o menor índice do país. No ano anterior, Curitiba liderou a lista.
As maiores frequências de fumantes entre os dois sexos também foram registradas na Capital em 2018: os homens com 17,3% e as mulheres com 11,9%.
Para o pneumologista Luiz Carlos Corrêa da Silva, coordenador do Programa de Controle do Tabagismo da Santa Casa de Porto Alegre é preciso ponderar os dados. Segundo o médico, eles não significam que a Capital esteja aumentando o consumo de tabaco, mas sim que tenha uma redução menor em relação aos demais municípios.
_ A primeira interpretação é essa. Há uns 20 anos, Porto Alegre era a mais fumante do país. Depois, "perdemos" para Curitiba. Agora, o que foi divulgado é que nessas cidades houve uma redução mais intensa do que aqui.
Dentre os motivos aventados para isso estão a proximidade com a indústria fumageira, herança genética europeia e poder aquisitivo mais elevado.
— São algumas das coisas para entendermos por que somos “campeões” — especula Silva.
Excesso de peso e de refrigerantes
Assim como na edição anterior da Vigitel, Porto Alegre segue como a capital do refrigerante. Por aqui, 23% dos indivíduos referiram tomar essas bebidas em cinco ou mais dias da semana. Tanto homens (29%) quanto mulheres (18,1%) da Capital são os que mais consomem na comparação com outros municípios brasileiros.
Além disso, outro dado também salta aos olhos: os homens de Porto Alegre estão no topo do ranking do excesso de peso, que é quando o índice de massa corporal (IMC) é igual ou superior a 25 kg/m². Embora a Capital não figure entre as com maior número de pessoas nessa condição (o total da população, conforme a Vigitel, é de 59,4%), o sexo masculino ostenta o maior percentual do Brasil, com 66,7%.