Fatores familiares, econômicos e sociais têm contribuído para um fenômeno recorrente nos lares brasileiros: o confinamento de crianças e adolescentes. Como resultado disso, médicos têm observado aumento da prevalência de problemas de saúde. Para mostrar o impacto desse confinamento e também destacar a importância do contato com a natureza nessas fases da vida, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) desenvolveu o Manual de Orientação “Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes”, elaborado pelo Grupo de Trabalho em Saúde e Natureza.
— Existem diversos avanços relacionados à infância e adolescência no Brasil, como o aumento da escolaridade e o combate à exploração do trabalho infantil. No entanto, não podemos deixar de considerar que os efeitos da urbanização, entre eles, o distanciamento da natureza, a redução das áreas naturais, a poluição ambiental, bem como a falta de segurança e de qualidade nos espaços públicos ao ar livre, levam a população a passar a mais tempo em ambientes fechados e isolados — disse Luciana Rodrigues Silva, presidente da SBP.
Conforme o documento, um amplo conjunto de pesquisas relacionam a falta de oportunidades de brincar e aprender junto à natureza com o aumento da prevalência de problemas como obesidade, hiperatividade, baixa motricidade, falta de equilíbrio, pouca habilidade física, miopia, doenças cardiovasculares e síndrome metabólica.
As recomendações, destinadas à médicos, educadores e familiares, têm como objetivo reconectar os pequenos com natureza. Veja algumas orientações:
- Crianças e adolescentes devem ter acesso diário a brincadeiras e atividades de aprendizagem junto à natureza. A SBP recomenda que o tempo mínimo seja de uma hora.
- Pais, responsáveis e educadores devem respeitar as especificidades de cada faixa etária. As crianças pequenas, de 0 a sete anos, devem ter movimentos e parte sensorial estimuladas. As maiores, entre sete e 12 anos, devem ser instigadas a explorar lugares e desenvolver a curiosidade.
- Escolas e instituições de ensino devem equilibrar o tempo de atividades curriculares e tempo livre.
- Pais e responsáveis devem orientar as crianças e adolescentes para o uso consciente da tecnologia.