A corte de apelações de Paris, à qual recorreram os pais de Vincent Lambert, hospitalizado há mais de dez anos em estado vegetativo, determinou na noite desta segunda-feira (20) a retomada dos cuidados que o mantêm vivo e que tinham sido interrompidos nesta segunda, até que um comitê das Nações Unidas se pronuncie sobre o caso.
O tribunal "ordena ao Estado francês [...] adotar todas as medidas para que se respeitem as medidas provisórias solicitadas pelo Comitê Internacional sobre os direitos das pessoas com deficiência em 3 de maio de 2019, que tendem a uma manutenção da alimentação e da hidratação" de Vincent Lambert, um caso que divide a família do paciente e a sociedade francesa, segundo decisão a que a AFP teve acesso.
o caso dividiu a própria família e provocou um amplo debate na França sobre eutanásia e a morte digna, inclusive com implicações políticas poucos dias antes das eleições europeias.
Lambert sofreu um acidente de trânsito em 2008, quando tinha 32 anos, e os médicos verificaram que os danos cerebrais eram irreversíveis. O caso provocou a retomada do debate sobre o fim da vida. Os médicos decidiram finalmente suspender os cuidados nesta segunda-feira, após a última decisão do Conselho de Estado francês.
Os pais de Lambert se opõem veementemente a encerrar a vida de seu filho e recorreram contra todas as decisões judiciais de interrupção dos cuidados médicos. No sábado, eles enviaram uma carta ao presidente Emmanuel Macron e pediram sua intervenção.
Mas o presidente francês afirmou na segunda, em uma mensagem publicada no Facebook, que "não cabe a ele suspender" esta decisão tomada "pelos seus médicos e sua esposa, que é sua tutora legal".
A esposa de Lambert, Rachel, cinco de seus irmãos e um sobrinho apoiaram as decisões da Justiça para interromper o atendimento. Eles denunciaram uma "crueldade terapêutica". Segundo eles, Vincent Lambert não gostaria de ser mantido vivo por intermédio de máquinas, mas ele não deixou nenhum documento por escrito manifestando esse desejo.