Batizado de Alcarelle, o álcool sintético pesquisado pelo diretor de neuropsicofarmacologia do Imperial College London, David Nutt, promete dar o "barato" da substância, porém sem seus efeitos nocivos. A ideia é modificar o modo pelo qual a substância se liga a um receptor do cérebro, produzindo efeitos diferentes.
— Nós sabemos onde no cérebro o álcool tem "bons efeitos" e "maus efeitos" e quais receptores, particularmente, intermedeiam isso. Os efeitos do álcool são complicados, porém, você pode atingir as partes do cérebro que você quiser — disse Nutt ao jornal The Guardian.
De acordo com o cientista, chegar a esse conceito foi fácil. Encontrar a molécula certa foi um pouco mais desafiador, tanto quanto inserir essa molécula em uma bebida.
— A questão regulatória é mais difícil do que a parte científica — justificou o pesquisador.
Nutt e sua equipe elaboraram um plano de cinco anos para colocar o produto no mercado. Possivelmente ele será regulado como um aditivo ou ingrediente amplamente testado.
O álcool, em qualquer quantidade, está relacionado ao aumento de risco de câncer. Estudo publicado no ano passado no periódico The Lancet foi taxativo ao afirmar que "o consumo de álcool é um dos principais fatores de risco para diversas doenças e pode provocar perda substancial da saúde. Descobrimos que o risco de mortalidade de variadas causas, e especificamente por câncer, cresce de acordo com o aumento do consumo, e o nível de ingestão que minimiza os prejuízos para a saúde é zero".