A prefeitura de São Leopoldo informou que mais um caso suspeito de meningite foi registrado na cidade, na noite desta terça-feira (2). O município comunicou, por meio de nota, que a criança, que deu entrada no Hospital Centenário, teve contato com a adolescente de 14 anos que morreu no Hospital Regina por meningite meningocócica.
Diante disso, o Executivo do município do Vale do Sinos anunciou uma série de medidas preventivas, como administração de antibiótico em todas as crianças da escola que tiveram contato com a jovem de 14 anos nos últimos 30 dias.
A mesma inciativa foi adotada em relação às pessoas que estiveram em contato com a menina de 2 anos, morta em 12 de março por meningite meningocócica B, no bairro Feitoria. As ações preventivas serão adotadas a partir desta quarta-feira (3):
"Todas as crianças e adolescentes da escola e que de alguma forma tiveram contato com adolescente acometida pela doença estão sendo convocadas a tomar a vacina meningocócica C, disponível na rede pública, caso ainda não tenham sido imunizadas. Há orientação para os pais de adolescentes, entre 11 e 14 anos, levarem as carteiras de vacinação para avaliação, quarta e quinta-feira".
O Executivo informou que o prefeito Ary Vanazzi e o secretário de Saúde, Ricardo Charão, "terão uma reunião de urgência na Secretaria Estadual de Saúde, nesta quarta-feira" no pleito por ajuda estadual no combate à doença na cidade.
A prefeitura informou que trata a situação como emergencial, "chamando à responsabilidade, além do governo estadual, também o Ministério da Saúde". Isso não significa que o Executivo decretou situação de emergência nesse momento.
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde afirma que "acertou com o município de São Leopoldo que atenderá a demanda necessária quanto ao abastecimento da vacina contra a meningite bacteriana para crianças e adolescentes". A pasta diz que, em reunião na terça-feira (2), "foram definidas as ações de prevenção a novos casos" e que colegas da adolescente que morreu "estão sendo contatados pela Secretaria Municipal de Saúde para receberem um tratamento preventivo com antibiótico, mesma ação de quimioprofilaxia que já foi feita com os familiares da jovem".
Saiba mais sobre a doença:
O que é a meningite?
É uma inflamação nas meninges, membranas que recobrem o cérebro e a espinha.
Quais são as causas?
As causas mais comuns são os vírus e bactérias, sendo que as últimas são as mais graves.
— A diferença é que as virais têm baixa mortalidade e as bacterianas são mais fatais, independente da rapidez com que se atue — explica Stadnik.
Dentre as bactérias, a mais comum é a meningococo (Neisseria meningitidis), que apresenta cinco sorotipos: A, B, C, Y e W.
Qual é a diferença dos sorotipos?
Os sorotipos são uma espécie de "subdivisão" das bactérias. No Brasil, o sorotipo mais prevalente é o C, cuja vacina está disponível na rede pública e é parte do calendário vacinal preconizado pelo Ministério da Saúde. O sorotipo B também é comum no país, contudo, a vacinação só é oferecida na rede privada. Ela deve ser administrada em quatro doses, diz Doernte:
— Se seguir o calendário, deve ser dada no terceiro, quinto e sétimo meses de vida com um reforço após um ano. O preço de cada dose varia entre R$ 500 e R$ 600.
Para as demais cepas, a vacina ACWY é oferecida em clínicas particulares. Ela é dividida entre duas doses no primeiro ano de vida e mais uma após um ano. O custo oscila entre R$ 300 e R$ 400 a dose.
O sorotipo A não circula no país. Ele foi mais comum na África, porém, com um esforço de imunização, os números caíram. Por outro lado, o sorotipo W tem registros em Santa Catarina e países como Chile e Argentina.
Como é a prevenção?
A vacina oferecida na rede pública é uma das maiores armas contra o sorotipo mais comum no país, que é o C. Cunha lembra que seguir o calendário vacinal é fundamental para garantir a imunização. Já a vacina contra o sorotipo B é preconizada pelas principais sociedades científicas do ponto de vista da saúde individual. No entanto, o óbito de São Leopoldo não justificaria uma corrida às clínicas.
— Não se justifica em termos de saúde pública. Não tem por que ter pânico. Mas, sob o aspecto individual, há recomendação — destaca o presidente da SBIm.
Medidas práticas do dia a dia também podem evitar a circulação das bactérias: manter os ambientes arejados, evitar aglomeração e visitar pessoas com sintomas respiratórios.
Alunos da escola onde estudava a adolescente que morreu em decorrência da doença não devem entrar em pânico, pois o contágio ocorre com o contato íntimo, ressalta Stadnik:
— Quem morava com ela, dormia com ela ou convivia por mais de seis horas está mais suscetível. Como a transmissão é por gotículas respiratórias, precisa uma proximidade muito grande. Não é só cruzar no corredor.