Uma juíza de San Francisco confirmou nesta segunda-feira (22) o veredito de um júri contra a gigante agroindustrial Monsanto por um histórico caso sobre o potencial cancerígeno de seu herbicida com glifosato, mas reduziu o valor das multas e da indenização de US$ 289 milhões para US$ 78 milhões.
A magistrada Suzanne Bolanos negou a solicitação da Monsanto para que fosse realizado um novo julgamento, mas reduziu o valor que a companhia deverá pagar por este caso ganho em agosto por um jardineiro de 46 anos, doente de câncer.
Bolanos ordenou reduzir para US$ 39 milhões - em vez de US$ 250 milhões - a indenização por perdas e danos que deve ser paga pela Monsanto ao jardineiro Dewayne Johnson, cujo câncer foi atribuído ao glifosato no herbicida Roundup, segundo uma decisão difundida nesta segunda-feira.
Johnson tem até o dia 7 de dezembro para aceitar esta nova quantia. Caso não aceite, será realizado um outro processo, determina a juíza, que manteve os fundamentos da decisão do tribunal de primeira instância.
Os advogados de Johnson, pai de dois meninos, se declararam satisfeitos com o fato de que a juíza manteve os fundamentos da sentença, mas avaliaram que a redução da indenização foi "injustificada". Em comunicado, os advogados assinalaram que "refletirão sobre as opções" que se apresentam para determinar se aceitam a decisão ou iniciam outro processo.
A Monsanto declarou que "a decisão do tribunal de reduzir a indenização em mais de 200 milhões de dólares é um passo na direção correta, mas seguimos pensando que o veredito de responsabilidade e a concessão de indenização não tem base nos elementos do processo ou no direito".
O grupo agroquímico persiste em sua afirmação de que seu produto, comercializado há mais de 40 anos, é inofensivo. O jardineiro processou a Monsanto, que acaba de ser adquirida pela alemã Bayer, pelos efeitos cancerígenos do Roundup e de sua versão profissional, o RangerPro, que utilizou quando tralhava como jardineiro em escolas de uma pequena cidade da Califórnia.
Em 10 de agosto, um juri popular concluiu que a Monsanto havia atuado intencionalmente e que seus herbicidas haviam contribuído "consideravelmente" para a doença de Johnson. Este julgamento histórico foi o primeiro em que se julgou o vínculo entre os produtos da Monsanto baseados no glifosato e as doenças sofridas por seus usuários.