A Comissão de Análise de Óbitos e Biópsias e o Comitê de Ética do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) tomou nesta quinta-feira (11) o depoimento da equipe responsável pelo parto de Bianca Vitória Silbershlach Cézar, a menina viva que havia sido dada como morta. Conforme o presidente da Comissão, o infectologista Fábio Lopes Pedro, não foram encontrados erros aparentes nos procedimentos de médicos e enfermeiros.
O caso aconteceu em fevereiro de 2017, mas só veio à tona no mês passado. Bianca nasceu em uma cesariana de urgência, pois a mãe estava com pressão alta mórbida, chamada de eclâmpsia.
A menina foi declarada morta ao nascer pelo obstetra Marcelo Lorensi Feltrin. Pediatras tentaram reanimá-la durante 20 minutos (o dobro do tempo usual). Após o atestado de óbito, ela foi levada a uma sala chamada expurgo (ou descarte), onde ficam bebês mortos no setor obstétrico. Seis horas depois, uma enfermeira percebeu que a menina respirava.
O Comitê de Ética do Husm se reuniu duas vezes em uma semana para averiguar o caso. Na primeira reunião, examinou os prontuários. No segundo, foram ouvidos obstetras, pediatras e enfermeiros. A conclusão é de que a equipe fez os procedimentos corretos para tentar reanimar Bianca, que pode ter “ressuscitado” por efeito de drogas usadas na tentativa de fazer o coração voltar a bater.
O relatório será encaminhado ao Conselho Estadual de Medicina (Cremers), que vai analisar o caso. O episódio também é investigado pela Polícia Federal e motivou uma ação cível com pedido de indenização, movida pelos pais de Bianca. A bebê, desde que nasceu, sofreu mais de uma dezena de internações e procedimentos cirúrgicos – Bianca tem microcefalia (o cérebro é menor do que o normal) e hidrocefalia (há acúmulo de líquido no crânio, impedindo o desenvolvimento cerebral). Ela está internada no Hospital da Criança Santo Antônio, em Porto Alegre.