Em Caxias do Sul, 50% dos órgãos em condições de serem transplantados não são doados devido à negativa das famílias dos possíveis doadores. Esse alto número de recusas é identificado pelos hospitais que fazem a coleta de órgãos em Caxias: Hospital Pompéia, Hospital Geral e Virvi Ramos.
Conforme o representante do Hospital Geral de Caxias do Sul no Comitê Municipal de Doação de Órgãos e Tecidos (CMDOT), Leandro Casiraghi, um dos principais motivos das negativas é a falta de informação por parte da população sobre a doação. Além disso, o receio de autorizar a doação pela falta de conhecimento da vontade do paciente também contribui para a recusa em doar.
No caso de um doador falecido, o transplante somente ocorre com a autorização documentada de um familiar. Podem autorizar a doação apenas pais, filhos, irmãos, avós ou cônjuges com união registrada.
Em Caxias do Sul, a captação das córneas é o tipo de doação mais recorrente. Isso se deve à simplicidade do procedimento, que pode ser realizado em até seis horas após a parada do coração do doador. Os três principais hospitais da cidade realizam esse tipo de coleta. No Pompéia, a média é de cerca de 26 doações por mês. No Banco de Olhos do Hospital Geral e no Virvi Ramos, a média é de 10 doações mensais.
A referência em doações de múltiplos órgãos em Caxias do Sul é o Hospital Pompéia. A coleta é feita quando o paciente tem morte decretada, e podem ser doados os rins, coração, pulmão, fígado, pâncreas, pele, ossos e tecidos, como as córneas.
Segundo o coordenador do Banco de Olhos do Hospital Pompéia, Hugo Castilhos, a instituição atende, em média, três casos de doações de múltiplos órgãos por mês. Da mesma forma que a doação de córneas, o órgão é captado no hospital, mas o transplante é coordenado pela Central de Transplantes do Rio Grande do Sul, que também é responsável pela lista de espera.
Lista de espera
Ao todo, cerca de 1,4 mil pessoas aguardam por algum tipo de órgão ou tecido no Estado, segundo dados da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul. Destas, o maior número de receptores em espera é para um transplante de rim: 1.003 pessoas. Além disso, 131 pacientes aguardam por um fígado, 136 por medula óssea, 80 por um pulmão, 54 por córnea, 18 necessitam de transplante de coração e sete aguardam por rim e pâncreas juntos.
Em 2018, até julho, 49 transplantes de órgãos e 126 de tecidos foram realizados no Estado. O número de doadores efetivos somou 137, de janeiro a julho. O índice de negativa familiar foi de 49%.