Não é boato: a ciência comprovou que períodos longos de férias a cada ano podem colaborar para uma vida longeva. A conclusão é de um estudo feito na Finlândia no decorrer de 40 anos, apresentado nesta semana no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia.
Para obter os resultados, os pesquisadores contaram com 1.222 executivos de meia idade. Todos eles tinham pelo menos um fator de risco para doenças cardiovasculares, como tabagismo, pressão alta, colesterol alto, sobrepeso e triglicerídeos elevados.
Esses homens foram divididos em dois grupos: um de controle e outro de intervenção. Os membros do segundo grupo receberam, a cada quatro meses, conselhos para praticarem atividades aeróbicas, ter uma dieta saudável, atingir um peso adequado e parar de fumar. Quando os conselhos sozinhos não surtiam efeito, os participantes foram recomendados a usar drogas para baixar a pressão e os lipídios.
Ao concluir a pesquisa, os cientistas mostraram que o risco de doenças cardiovasculares foi reduzido em 46% no grupo de intervenção na comparação com os demais. Contudo, quando o levantamento completou 15 anos, em 1989, também foi revelado que houve maior número de mortes no grupo de intervenção em relação ao de controle.
A análise apresentada este ano ampliou os registros de mortalidade para 40 anos, até 2014, usando registros nacionais de óbitos. Dessa vez, foram verificados, também, dados de referência não estudados anteriormente sobre quantidade de trabalho, sono e férias. As taxas de mortalidade foram as mesmas nos dois grupos entre 2004 e 2014.
No entanto, férias curtas foram associadas com o excesso de mortes no grupo de intervenção. Quem tirou três ou menos semanas de descanso por ano teve 37% mais risco de morrer de 1974 a 2004 em comparação com aqueles que tiraram mais do que três semanas. No grupo de controle, as férias não tiveram impacto.
Timo Strandberg, professor da Universidade de Helsinque, na Finlândia, disse que os danos causados pelo ritmo de vida intenso associado ao estresse pelas intervenções médicas feitas nos participantes podem justificar esse índice:
"Não pense que ter um estilo de vida saudável vai compensar por trabalhar demais e não tirar férias. Elas podem ser uma boa maneira de aliviar o estresse. O estilo de vida estressante pode ter anulado qualquer benefício da intervenção. Achamos que as interferências em si também podem ter um efeito psicológico adverso sobre esses homens, acrescentando estresse às suas vidas", disse, conforme o site da Sociedade Europeia de Cardiologia .
Ele concluiu: "Nossos resultados não indicam que a educação em saúde é prejudicial. Em vez disso, eles sugerem que a redução do estresse é uma parte essencial dos programas que visam reduzir o risco de doenças cardiovasculares em indivíduos de alto risco".