Incerteza. Esta é a palavra que resume a rotina enfrentada há três meses pela secretária Juliana Teresinha Lopes Garcia, 55 anos. Moradora do bairro Campo Novo, na zona sul da Capital, ela não sabe quando poderá receber de novo, por meio da Farmácia de Medicamentos Especiais do Estado, caixas do cloridrato de Metilfenidato, nome genérico da Ritalina e da Ritalina LA, remédio de que sua filha necessita para tratar déficit de atenção e hiperatividade.
— Na Farmácia (do Estado), não sabem dizer quando vai ter de novo. Nem uma previsão é dada. Tenho que passar lá dia sim, dia não. Só assim para, ao menos, ter alguma noção de como está o caso.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está ciente do problema, informado pelo fornecedor da Ritalina, o laboratório Novartis. Em nota, a empresa farmacêutica afirmou que, "apesar de todos os seus esforços em manter o fornecimento regular dos dois medicamentos de acordo com a regulação brasileira, o mercado enfrenta situações pontuais de desabastecimento".
Ainda conforme a nota, "a empresa tem tomado providências para regularizar a comercialização dos medicamentos o mais rápido possível". A expectativa da Novartis é de que a normalização na distribuição de ambas as apresentações de Ritalina ocorra até o final deste mês.
Segundo a Novartis informou à Anvisa, "trata-se de uma situação sazonal, causada pelo processo de obtenção da cota de importação regulamentar e processo de importação da substância".
Aos pacientes afetados, a orientação da Anvisa é procurar seu médico responsável. Assim, o profissional poderá prescrever um medicamento alternativo à Ritalina.
A SES-RS também foi questionada pela reportagem sobre a falta do cloridrato de Metilfenidato na Farmácia de Medicamentos do Estado. A secretaria explicou que o Estado distribui oito variações da substância — com diferenças de gramagem ou composição — e que não poderia informar quais delas estão em falta.
A pasta garantiu apenas que, segundo sua área técnica, "a medicação com mais demanda ainda está disponível em estoque". Porém, não foi informada qual a gramagem ou composição da medicação citada.
Informalmente, a reportagem entrou em contato com farmácias privadas de Porto Alegre, do Litoral Norte, do Interior e de Santa Catarina, questionando sobre a falta da Ritalina e da Ritalina LA nas unidades. O desabastecimento foi confirmado e, em alguns pontos, a situação se estende há quase seis meses.