O súbito aumento de casos de sarampo no Rio Grande do Sul, Estado considerado livre da doença desde 2016, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), alçou a situação ao status de surto. Nesta segunda-feira (23), foram confirmados mais dois novos casos, totalizando 13: oito em Porto Alegre, dois em Alvorada e um em Viamão, um em São Luiz Gonzaga e um em Vacaria.
Técnica da vigilância epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde, Juliana Patzer explica que um dos fatores determinantes de surto é quando uma doença considerada eliminada pela OMS volta a circular.
— Quando recebe certificação de eliminação, um caso já é considerado surto — destaca Juliana.
A médica infectologista Lessandra Michelin, coordenadora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, acrescenta, ainda, que a definição de surto está ligada ao crescimento basal de casos. Ou seja, quando não há notificações da doença por um longo período de tempo e, de repente, ocorre um aumento abrupto.
Para se ter uma ideia, Porto Alegre, que não apresentava registros de sarampo desde 2011, já teve oito confirmações até agora.
Vacinação é a principal preocupação de especialistas
Embora multifatorial, há um consenso de que a baixa cobertura vacinal impacta diretamente no aumento dos casos da doença. Parte do calendário vacinal infantil, a tríplice viral, que protege contra o sarampo, tem entrado em queda nos últimos anos em todo o país. Em 2017, o Rio Grande do Sul atingiu 83% da cobertura vacinal, quando o recomendado é 95%. No mesmo período, Porto Alegre teve 71,3% da cobertura.
Esse declínio na busca por imunização é o que mais preocupa os médicos, pois a vacinação é a única forma de combater a doença.
— Mesmo com o número baixo no Rio Grande do Sul (na comparação com outros estados), o sarampo é uma doença grave, com transmissão fácil e em um período no qual as pessoas estão com frio e ficam enclausuradas. É bem preocupante, mas não é uma situação catastrófica — destaca a médica infectologista Teresa Sukiennik, coordenadora do Controle de Infecção da Santa Casa de Porto Alegre.
Na tentativa de derrubar os números da doença em todo o território nacional, o Ministério da Saúde lança, no dia 6 de agosto, uma campanha focada na imunização contra o sarampo e a poliomielite. No entanto, não é preciso esperar até o próximo mês para atualizar a carteirinha. Adultos até 29 anos que desconhecem sua situação vacinal e não sabem se tiveram ou não a doença devem tomar duas doses. Acima dos 30 anos, a recomendação é uma única dose. Pessoas acima dos 50 anos e imunossuprimidos devem avaliar a necessidade junto ao médico.
— Se a pessoa desconhece a situação vacinal, não há risco de tomar novamente — garante Teresa.