Uma equipe de técnicos do Ministério da Saúde voltará a Santa Maria no início da próxima semana para acertar os últimos detalhes da divulgação dos estudos que buscam identificar a origem do surto de toxoplasmose que assusta a cidade. O anúncio está previsto para a manhã de terça-feira (26), no auditório do prédio da 4ª Coordenadoria de Saúde do Estado. A tendência é de que a pasta aponte a água como a mais provável fonte de propagação do protozoário que causa a doença.
Em entrevista à Rádio Gaúcha na manhã de quinta-feira (21), o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, chegou a apontar categoricamente a água como responsável pelas contaminações, causando indignação em autoridades e infectologistas locais. Logo após a polêmica, no mesmo dia, não voltou a falar com a reportagem, mas, nesta sexta-feira (22), em entrevista por telefone, adotou tom mais cauteloso. Ele nega ter se precipitado ao dar a declaração, mas admite que ainda não é possível ter certeza sobre o foco de transmissão.
— Você vai eliminando as alternativas. A possibilidade da água é muito real. Pode ser uma precipitação, talvez, falar que é a água, apesar de não estar concluso, mas vamos eliminando todos os outros fatores que podem ser condutores do protozoário — destacou Occhi.
O ministro, que não irá participar da divulgação das conclusões das análises, afirma que os cuidados tomados até agora pela população deverão ser mantidos, como ferver a água antes do consumo, ter atenção à higienização de alimentos e evitar carnes malpassadas.
Confira abaixo trechos da entrevista com o ministro da Saúde, Gilberto Occhi.
Causou surpresa no Estado a afirmação feita pelo senhor à Rádio Gaúcha de que a origem do surto de toxoplasmose teria sido a água. O senhor se precipitou?
Não é uma questão de precipitação. Você vai eliminando as alternativas. A possibilidade da água é muito real. Pode ser uma precipitação, talvez, falar que é a água, apesar de não estar concluso, mas vamos eliminando todos os outros fatores que podem ser condutores do protozoário. Mas não há uma confirmação efetiva técnica porque nós temos uma distância temporal do surto. Você teve o surto em fevereiro, e nós estamos fazendo todas as análises em junho. Se foi a água, ela também pode ter sido momentânea. Pode ser decorrente de alguns fatores. Então, o pessoal aqui (Ministério da Saúde) está analisando a água e também as hortaliças, que podem ser uma possibilidade. Carne vermelha, suína, de frango e frutas não foram. Então, você vai restringindo quais são os itens. Há uma possibilidade de ter sido a água (a origem do surto), muito forte, mas já ter sido encerrada (a contaminação).
Ontem, o senhor cravou que tinha sido a água e, hoje, diz que pode ser a água ou hortaliças...
Eu acho que nós não vamos cravar nunca, mas a grande tendência é de que deve ter sido a água.
A declaração sobre a água gerou surpresa na Secretaria Estadual da Saúde, na prefeitura de Santa Maria e na Corsan. O senhor conseguiu esclarecer a situação com esses órgãos?
Não consegui falar (com os responsáveis pelos órgãos). Fizemos uma nota em seguida. Mas o que importa é que, desde o primeiro momento, o Ministério da Saúde esteve ao lado da prefeitura, da população. Imediatamente os técnicos foram para lá (Santa Maria). Hoje, nós percebemos que estamos diminuindo significativamente qualquer tipo de incidência desta natureza. Mas volto a dizer que, ao eliminarmos vários tipos, resta-nos a grande possibilidade de ter sido a água.