Silenciosa e progressiva, a escoliose é definida como uma deformidade da coluna vertebral. Embora bastante característica, a inclinação para um dos lados é apenas um dos indicativos do problema, que pode ainda provocar uma rotação e uma retificação da coluna — perda das curvas naturais, lordose e cifose.
— Escoliose é tridimensional — define a fisioterapeuta Isis Navarro, especialista em escoliose pelo Scientific Exercise Approach to Scoliosis (SEAS).
Outra característica da escoliose é o fato de não ser passível de correção voluntária, como se corrige os ombros ao notar a má postura, por exemplo.
Ainda que exista mais de um tipo de escoliose — a neuromuscular, a congênita e a degenerativa —, a que afeta uma porção maior da população é a idiopática, ou seja, que não tem as causas conhecidas. Conforme a fisioterapeuta, ela atinge 85% de quem tem a doença.
— Esse termo é empregado na medicina quando a origem de alguma condição ainda não foi totalmente esclarecida. Dessa forma, o tipo mais comum de escoliose, ironicamente, não tem um mecanismo de origem e desenvolvimento bem compreendido — argumenta o neurocirurgião Alessandro Machado.
Do pouco que se sabe, os pesquisadores têm ciência que o problema tem causas multifatoriais — que incluem a genética —, no entanto, isso não é suficiente para falar em prevenção:
— Não tem como prevenir diretamente. A melhor maneira de cuidar é fazendo o diagnóstico precoce para iniciar os tratamentos — afirma Isis.
Por se tratar de um problema na coluna vertebral, pode-se pensar que os sintomas primários sejam as dores e os desconfortos, contudo, isso não é uma verdade absoluta. O primeiro indicativo da escoliose é visual: a assimetria do corpo. Um ombro mais alto que outro, uma curva na cintura mais acentuada de um lado e até mesmo a dissimetria nas clavículas podem sinalizar a escoliose. Se não diagnosticada precocemente, a tendência é que essa deformidade aumente com o passar dos anos, evoluindo, sim, para quadros de dor.
— Quando a curva excede os 50° ainda na fase de crescimento, a chance é de isso continuar piorando cerca de um grau por ano — explica Isis.
Tratamento conservador é alternativa à cirurgia
Justamente pela ausência de dor e pela falta de explicações claras para o aparecimento dessa inclinação é que os especialistas reforçam a importância da identificação do problema logo em seus estágios iniciais. Dessa preocupação, surgiu o Junho Verde, mês de conscientização da escoliose, que prevê o diagnóstico precoce seguido do tratamento — afinal, não há cura para o problema —, conforme o tamanho da curva da coluna.
De acordo com as recomendações vigentes, quando há desvios de 5° a 25°, há indicação de fisioterapia através de exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose; dos 25° aos 50°, a orientação é uso de colete associado aos mesmos exercícios específicos e a partir dos 50°, já existe recomendação de cirurgia. No entanto, antes de passar pelo procedimento, pode-se tentar os exercícios específicos, que podem surtir bons resultados.
Outros tipos de escoliose:
Escoliose congênita: Machado explica que esse tipo de escoliose ocorre já no nascimento devido a uma malformação em uma ou mais vértebras.
Escoliose neuromuscular: quando há uma lesão que comprometa o sistema nervoso provocando uma assimetria em entre a capacidade de contração e relaxamento muscular entre os lados do corpo. Esse encurtamento muscular provoca o desvio lateral, justifica Machado.
Escoliose degenerativa: é provocada pelo "desgaste" assimétrico de um lado da coluna. Geralmente, acomete a coluna lombar.