
Muito tempo sentado, má postura e olhos vidrados em smartphones são apenas alguns dos gatilhos para uma das maiores causas de incapacidade no mundo: a dor nas costas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o problema é recorrente em países industrializados e, em 37% dos casos, está relacionado a questões ocupacionais dos trabalhadores.
Além dessas causas mais comuns, a dor também pode estar associada a fatores como tabagismo, obesidade, ingestão excessiva de álcool e depressão. Uma pesquisa divulgada em 2015 no congresso anual da American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS) revelou que 19,3% dos pacientes com diagnóstico de depressão relataram dores na região lombar. Outros 16,75% dos obesos também sofriam com o problema, assim como 16,53% dos fumantes e 14,66% dos que abusavam do álcool. Apesar disso, o achado mostra apenas uma associação e não uma relação de causa e efeito, e serve para determinar os fatores de risco modificáveis e tratáveis, de acordo com os autores. Os resultados foram alcançados depois da análise de mais de 26 milhões de registros de pacientes americanos.
No Brasil, o problema foi a maior causa de afastamentos do trabalho no ano passado, segundo o Ministério do Trabalho e Previdência Social. No Rio Grande do Sul, mais de 4% das ausências foram motivadas por dor nas costas.
— Talvez essa seja a causa mais comum de procura por atendimento médico nos consultórios e nas emergências. No entanto, entre 80% e 85% delas vão desaparecer sem que seja feito um diagnóstico afirma o neurocirurgião Ericson Sfreddo, coordenador do Serviço de Cirurgia de Coluna do Hospital Moinhos de Vento.
Conforme o especialista, a dor muscular, aquela provocada após algum esforço, é a mais habitual, embora seja preciso ficar atento para outros problemas. Pacientes com histórico de câncer em algum órgão, de infecção ou com idade avançada devem fazer uma investigação mais detalhada. Sinais como perda neurológica, de sensibilidade, de força ou dormência nas pernas e nos braços indicam que é necessário procurar um médico.
– Quando atrapalha o dia a dia ou há esse tipo de perda, a dor pode estar relacionada a uma doença degenerativa – alerta Sfreddo.
Contra o problema, o melhor é se mexer
O fisioterapeuta responsável pelo Instituto de Medicina do Esporte do Hospital Mãe de Deus, Marco da Paz, orienta que pessoas que passam muito tempo sentadas em uma mesma posição se exercitem a cada uma ou duas horas. Vale até uma pequena caminhada ao banheiro. Fazer ginástica laboral, caso sua empresa ofereça, também é uma saída para levantar da cadeira e alongar o corpo.
— Quando sentimos dores musculares nas costas é porque está acontecendo uma reação bioquímica semelhante a do pós-exercício, pois ficamos com a lombar contraída. A caminhada ajuda os vasos sanguíneos da região e alivia a dor — explica o professor de Educação Física Guilherme Scheffer.
Quem vive a situação contrária e passa horas a fio em pé deve ficar atento para o alongamento de toda a cadeia posterior de músculos, tanto das costas quanto das pernas.