
O advogado da clínica de vacinas interditada nesta semana em Novo Hamburgo por suspeita de fraude na aplicação das doses, Luiz Gustavo Puperi, nega que tenham sido cometidas irregularidades no local.
A dona da clínica Vacix, Luciana Sandrini Rihl, foi presa preventivamente na manhã de quarta-feira (14) após denúncias de que clientes teriam sido enganados ao buscar imunização contra febre amarela e dois tipos de meningite. A polícia investiga informações sobre aplicação de injeções vazias e de falta de documentação comprovando a origem das vacinas. Foram localizados frascos violados ou vazios armazenados na clínica e na casa da proprietária, uma farmacêutica de 37 anos.
O titular da Delegacia do Consumidor e da Saúde Pública, Rafael Liedtke, informa que a apuração teve início na semana anterior por meio de uma denúncia – ele prefere não detalhar quem seria a informante por questões de segurança. O relato era de que a clínica aplicava vacinas vazias: a agulha seria inserida no corpo do cliente e retirada sem que o êmbolo da injeção fosse pressionado.
Além disso, conforme o delegado, também são investigadas suspeitas de que a clínica utilizava uma mesma injeção para mais de um paciente e de falta de documentação de procedência das doses. Não foram localizadas notas fiscais dos medicamentos durante as buscas realizadas na quarta-feira, após alguns dias de investigação preliminar.
Puperi contesta essas versões e diz que, até o momento, não foram identificadas quaisquer vítimas. O advogado garante, com base em informações colhidas com a sua cliente, que a clínica operava de acordo com as normas legais. Segundo ele, a denúncia que embasou o trabalho policial partiu de uma ex-funcionária afastada.
— Essa ex-funcionária agiu para prejudicar a proprietária da clínica, mas, por enquanto, preferimos não fazer referência a quais seriam os motivos. Ainda estamos buscando mais informações sobre isso — declara o advogado.
Segundo Puperi, essa ex-funcionária teria gravado um vídeo mostrando frascos abertos de vacina dentro de uma caixa. Mas, conforme o defensor, isso não seria prova de irregularidade:
— Esse vídeo foi feito por essa funcionária afastada, sem a presença da proprietária da clínica no local, e não prova absolutamente nada.
O advogado afirma que questões como a falta de documentação serão esclarecidas durante o inquérito, já que não acompanhou o trabalho de busca e teve pouco tempo para buscar informações mais detalhadas com a sua cliente. Puperi diz que os frascos violados, vazios ou vencidos localizados da casa de Luciana seriam destinados a descarte – mas não soube explicar porque estariam armazenados em baixa temperatura se seriam descartados. Também deverá ser justificado nos próximos dias, segundo a defesa, como a clínica oferecia doses contra febre amarela enquanto a Secretaria Estadual da Saúde informa que esse produto não estaria mais disponível na rede privada no Rio Grande do Sul.
Puperi entrou com pedidos de habeas corpus no fórum de Novo Hamburgo e no Tribunal de Justiça. Ele argumenta que a prisão de sua cliente, que foi encaminhada para o Presídio Feminino Madre Pelletier, na Capital, ocorreu sob justificativa de "proteger ordem pública", impedindo a continuidade da aplicação das vacinas sob investigação, e garantir a apreensão de provas.
— Como a clínica já está interditada, sem funcionar, e as buscas já foram feitas, não há mais razão para a prisão — argumenta o defensor.
O pedido foi negado pela Justiça na noite de quinta-feira (15).