O sorriso ainda sem dentes, emoldurado por uma fita de renda cor de rosa com laço na cabeça, não denuncia tudo pelo que Yasmim Machado Rocha passou nesse pouco tempo de vida. Com apenas sete meses, ela foi a primeira pessoa a realizar um transplante de coração em 2018 na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Nascida saudável, a menina teve uma miocardite viral, quadro descoberto aos quatro meses e que acarretou em uma miocardiopatia dilatada. Foram idas e vindas ao Hospital da Criança Santo Antônio, com várias internações. Em uma delas, Yasmim sofreu cinco paradas cardíacas e um choque cardiogênico, que fizeram o órgão reduzir muito as funções.
— Ela foi listada de urgência (na lista de transplante), mas não conseguiu nenhum órgão. Aos poucos, ela saiu do choque, mas ainda com o coração muito ruim, com menos de 30% da capacidade, quando o normal é acima de 70% — conta Aline Botta, responsável clínica pelo programa de transplante cardíaco pediátrico do Hospital da Criança Santo Antônio.
— Foi um susto, ficamos com muito medo. Falaram que a fila de espera poderia demorar quatro anos — relembra a mãe, Cassandra Bobsin.
A boa notícia veio no dia 4 de janeiro, quando um coração compatível foi encontrado.
Segundo Aline, a maior dificuldade em encontrar um coração para bebês é porque é preciso que o doador tenha morte encefálica, pouco comum nessa faixa etária.
Sorridente e brincalhona, a bebê saiu da UTI no último dia 11 e foi para o quarto. Com quadro clínico estável, Yasmim só passa agora por ajustes na medicação.