Na tarde desta quarta-feira (8), depois de aprovarem texto definindo que a vida começa no momento da concepção, um grupo de deputados federais cercou a mesa de votação para comemorar com palavras de ordem contra o aborto.
— Vida sim, aborto não! Vida sim, aborto não! — entoou em coro uma dezena de parlamentares, todos homens.
A cena ocorreu em reunião da comissão especial da Câmara que examinava uma proposta de emenda constitucional que prevê o aumento da licença maternidade. Por influência da bancada evangélica, foi incluída na PEC um adendo ao artigo primeiro da Constituição, protegendo "a dignidade da pessoa humana desde a sua concepção". A redação foi aprovada por 19 votos contra 1.
Uma confirmação dessa proposta poderia significar a proibição de todos os tipos de aborto, incluindo aqueles atualmente autorizados pela lei — com no caso de gestações resultantes de estupro. Depois de aprovar o texto, o grupo de deputados subiu à mesa para comemorar. A deputada Erika Kokay (PT-DF), que considerou "fraude" a inclusão do artigo em uma PEC sobre licença maternidade, reagiu:
— Aqui se aplaude a morte de muitas mulheres vítimas de violência.