Em um período de quatro anos, o Brasil registrou um aumento de 12% nas mortes por suicídio. De acordo com o primeiro Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil divulgado nesta quinta-feira (21) pelo Ministério da Saúde, foram 11.736 notificações em 2015 contra 10.490 em 2011. Só a região Sul concentra 23% dos casos.
Para a diretora do departamento de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da pasta, Fátima Marinho, parte do aumento nesses números é consequência da melhora na captação desses dados, antes vistos como tabu. Isso reflete em uma média nacional de 5,5 mortes a cada 100 mil habitantes.
Dentre os dados, chama a atenção os índices de alguns grupos específicos: pessoas acima dos 70 anos e população indígena. Aqueles com mais de 70 anos tiveram um índice de 8,9 mortes a cada 100 mil habitantes, enquanto os indígenas somaram 15,2 mortes (a cada 100 mil habitantes).
– Esses números da terceira idade não são um fenômeno brasileiro. É uma faixa etária que tem problemas com depressão e abandono, portanto, é muito importante o cuidado – salientou Fátima.
Esses números da terceira idade não são um fenômeno brasileiro. É uma faixa etária que tem problemas com depressão e abandono
Fátima Marinho
Diretora do departamento de Doenças e Agravos Não Transmissíveis
Na comparação entre os sexos, o boletim revelou que o número de mortes por suicídio é maior entre os homens, somando 79% do total de 62.804. Isso resulta em uma taxa de mortalidade de 8,7 a cada 100 mil habitantes contra 2,4 a cada 100 mil entre as mulheres.
– Homem é muito mais efetivo, ele acerta na maioria das vezes – explicou a diretora.
Contudo, o sexo feminino é o que mais tenta tirar a vida. Elas representam 69% do total de 48.204 tentativas registradas no período de 2011 a 2016.
Outra preocupação do Ministério da Saúde é com o avanço do suicídio entre os jovens. Hoje, essa é a quarta maior causa de mortes na faixa etária que compreende os 15 aos 29 anos. No cenário mundial, essa é a segunda maior causa de mortes.