A população brasileira ocupa posições que merecem alerta em um ranking divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de 18 milhões de pessoas sofrem de ansiedade no país e os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número total de incapacidades nas Américas.
Por isso, há 10 anos, o tema da saúde mental ganhou força e atenção especial por conta do movimento Janeiro Branco, criado pelo psicólogo e palestrante mineiro Leonardo Abrahão. O primeiro mês do ano é dedicado a iniciativas voltadas para a prevenção da dependência química e também do suicídio.
Uma lei aprovada no país e que passa a valer a partir deste ano, torna obrigatórias as campanhas nacionais de conscientização da população sobre a saúde mental. Conforme a psicóloga Roberta Westphalen, esse é um momento de férias para muitas pessoas e também uma oportunidade para equilibrar as funções mentais.
– É importante começarmos o ano refletindo sobre como está a nossa saúde mental e emocional. Afinal, estar bem consigo mesmo e com os outros interfere diretamente na nossa qualidade de vida e na nossa produtividade. Quem cuida da mente cuida da vida – alerta a psicóloga.
A depressão e a ansiedade podem afetar pessoas de diferentes faixas etárias e em situações variadas. Uma crise de ansiedade, por exemplo, é um desafio complexo para o paciente e o mais indicado é procurar ajuda de um psicoterapeuta para tratar e prevenir os sintomas. Já a depressão, considerada o mal do século XXI, é uma doença silenciosa e, se descoberta tardiamente, pode ter resultados irreversíveis. A OMS aponta que, nos próximos 20 anos, a depressão irá afetar mais pessoas do que o câncer e as doenças cardíacas.
– Os gatilhos da depressão são variados e podem surgir a partir de diversas situações, como experiências traumáticas, eventos estressantes, desequilíbrios químicos e fatores genéticos. É importante destacar que a depressão é uma doença psiquiátrica que afeta o emocional e o físico da pessoa e, por isso, precisa de acompanhamento adequado – enfatiza Roberta.
Alguns sintomas, como falta de apetite e desânimo, são sinais de alerta para procurar ajuda. Por conta do fácil acesso, as farmácias podem ser o primeiro local onde os pacientes buscam orientações.
– O farmacêutico é o profissional de saúde que está sempre disponível à população e tem papel importante na triagem de sinais e sintomas característicos de problemas de saúde mental. Além disso, pode contribuir com a rotina de cuidados com a alimentação, com o sono, exercícios físicos e monitoramento de vitaminas, visto que o desequilíbrio disso pode contribuir para agravamento dos problemas de saúde mental. O farmacêutico também é essencial no acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes que já fazem tratamento para essas doenças – afirma Nicole de Lima, farmacêutica e gerente de Suporte Técnico Farmacêutico da Rede de Farmácias São João, a quarta maior do varejo farmacêutico do Brasil e a maior da região Sul, com mais de 1,1 mil filiais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Nicole também alerta para algumas carências nutricionais que podem desencadear ou agravar os problemas de saúde mental.
– Desequilíbrios hormonais e alterações na tireoide também podem ser responsáveis por sintomas típicos relacionados à depressão e ansiedade, por isso a necessidade de manter em dia os exames de rotina, muitos deles, também disponíveis nas farmácias – informa.
Confira 3 dicas para cuidar da sua saúde mental:
1) Fique atento aos sinais de alerta
Falta de apetite, desânimo, baixa autoestima, tristeza profunda e pessimismo são alguns dos sintomas da depressão. Já uma crise de ansiedade pode ser marcada por sintomas físicos, como sudorese, aceleração dos batimentos cardíacos, dores no corpo e insônia, e também emocionais, como pensamentos acelerados, angústia e medo constante.
2) Aprenda a controlar os sintomas durante crises de ansiedade
A psicóloga Roberta Westphalen recomenda alguns cuidados que o paciente deve ter ao ter uma crise de ansiedade. Respirar de forma lenta e profunda, ficar atento aos pensamentos e questioná-los sempre que necessário, além de buscar uma distração até que o pico de ansiedade cesse.
3) Busque ajuda profissional
Ao perceber a presença de alguns sintomas, é importante buscar ajuda com profissionais capacitados. Os farmacêuticos podem orientar sobre que medidas tomar diante desses problemas e também acompanhar o tratamento farmacológico dos pacientes que já estão acompanhados por um profissional da saúde. A psicoterapia é um fator importante para tratar a ansiedade e a depressão. Por isso, busque um psicólogo ou psiquiatra para realizar um acompanhamento, que pode ser semanal, quinzenal ou mensal.