Menos ruidosos, sem trancos nas arrancadas e frenagens, eficientemente climatizados e com acomodações confortáveis — ao menos quando não estão lotados — os ônibus elétricos que circulam em Porto Alegre oferecem um deslocamento de qualidade superior aos veículos convencionais. A operação ocorre em três linhas: Praia de Belas, Integradora e Vila Farrapos.
Na tarde desta sexta-feira (13), a técnica de enfermagem Bruna Santos, 31 anos, experimentou com os filhos o deslocamento em um Praia de Belas. Iriam ao cinema antes da "comilança" que enche de sorrisos os semblantes dos pequenos Benício e Lorenzo.
— Bem legal. Tem menos barulho. Temperatura boa. Já melhorou nosso passeio — comenta a mãe dos meninos.
Conforme o balanço de 90 dias da Secrataria de Mobilidade Urbana, os 12 ônibus do projeto de eletrificação da frota transportaram, de 19 de agosto a 19 de novembro, 303.045 passageiros em 18.835 viagens realizadas, em que percorreram 165.654 quilômetros nos itinerários.
— Estamos em uma etapa que chamamos de curva de aprendizagem, testando o desempenho da nova tecnologia, proporcionando treinamento aos profissionais. A avaliação é positiva. São veículos mais caros, mas que geram custos inferiores em manutenção e têm baixo consumo energético na comparação com o combustível — descreve o secretário Adão de Castro Júnior.
Segundo ele, a estimativa é que tenha sido evitada a emissão de 220,38 toneladas de gases poluentes, como resultado de não terem sido queimados 82.231 litros de diesel.
Atualmente, de acordo com cotações apresentadas ao poder público municipal, um ônibus elétrico semelhante aos que estão em operação custa em torno de R$ 2,7 milhões. O veículo convencional, com o modelo de motor a diesel mais eficiente disponível sob produção em escala no mercado, custa cerca de R$ 950 mil.
Castro Júnior aponta que a prefeitura calcula que, após sete anos de operação, o custo dos elétricos deve se equiparar ao do convencional, por conta da economia energética e das vantagens relacionadas à manutenção.
Incremento modesto em 2025
A projeção da Secretaria de Mobilidade Urbana é acrescentar, a título de teste, mais alguns ônibus elétricos no ano que vem. Não há, ainda, a definição de um quantitativo específico. A meta é incorporar cerca de cem destes veículos, distribuídos por todas as linhas, até 2028.
Para o motorista Henrique Canto, 38 anos de idade e sete de boleia, será um passo importante também para a qualificação do meio de trabalho.
— É muito mais confortável e estável para dirigir. Ter mais destes será bom para quem trabalha, para os passageiros e para a cidade — observa Canto.
Quem paga a conta
A aquisição com recursos públicos, explica o secretário Adão de Castro Júnior, será repassada às empresas operadoras do sistema e o valor investido será abatido do repasse de subsídio público que será destinado para a concessionária.
Na prática, a prefeitura compra com dinheiro de programa da União, repassa o veículo para a concessionária operadora de uma linha e esta empresa recebe o veículo como parte ou integralidade do subsídio, dependendo dos valores aplicados.
Ao fechamento de 2024, o poder público municipal deve consolidar cerca de R$ 190 milhões em aporte de recurso público para sustentar o sistema, mantendo a tarifa para o passageiro em R$ 4,80.