Localizada no Sarandi, um dos bairros mais castigados pela enchente que atingiu Porto Alegre e o Rio Grande do Sul no primeiro semestre de 2024, a Escola Municipal Doutor Liberato Salzano Vieira da Cunha, recebeu na tarde desta terça-feira (19) a doação de cerca de 1,5 mil móveis.
Entre o mobiliário que foi doado à escola estão 570 classes de aula, 685 cadeiras, 40 bancos e 20 mesas de refeitórios, 30 mesas para professores e 30 mesas e 120 cadeiras para crianças de dois a cinco anos de idade. Os móveis chegaram à instituição em caminhões do Instituto Cultural Floresta (ICF), responsáveis pela logística de entrega das doações.
A doação é uma parceria entre os movimentos SOS Educação RS, Formiguinhas pelo RS, e a plataforma de financiamento Vakinha, com logística do ICF, que atuou no armazenamento, montagem e entrega dos materiais.
Após receber um aporte de doações vindas de uma igreja dos Estados Unidos, as fundadoras dos movimentos procuraram a plataforma de financiamento Vakinha, buscando um reforço no aporte financeiro para a aquisição de móveis para escolas da Capital atingidas pela enchente.
De acordo com o CEO da Vakinha, Luiz Felipe Gheller, dos valores totais arrecadados na plataforma, R$ 834.504,70 foram investidos na iniciativa da compra de mobília para a Liberato Salzano e outras quatro escolas municipais de Porto Alegre, afetadas pela catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul.
A instituição de ensino é a maior da rede municipal de Porto Alegre, e atende 1,7 mil estudantes. Com as aulas suspensas em virtude da enchente desde o início de julho, as atividades da escola estão acontecendo em dois espaços: na sede do Clube Comercial Sarandi e na Casa Paroquial da Igreja São José.
A chegada das doações de mobiliário representa a última etapa de recuperação da escola, que também passou por uma reforma, orçada em R$ 7,95 milhões e custeada pelas empresas Ambev e Instituto Gerdau, também por meio de uma doação.
Conforme a Secretaria Municipal de educação (Smed), as obras, que incluíram a recuperação tanto na parte hidráulica quanto elétrica, além de pintura, recuperação do telhado e construção de cinco escadarias externas de incêndio, já foram finalizadas.
Apesar da chegada do mobiliário, o secretário da pasta, Mauricio Cunha, afirma que o retorno das aulas na instituição deve ser mantido para 2025, em decorrência da proximidade do fim do semestre letivo.
— A escola está pronta, nas próximas semanas ela vai estar reorganizada, é uma questão mesmo de não causar mais desconforto aos alunos, como eles já foram deslocados no espaço temporário enquanto a obra acontecia, trazê-los para cá, 1,7 mil alunos para terem uma semana, oito ou nove dias de aula não fazia sentido — justificou o titular da pasta.
Melhorias para além da reforma
Além da recuperação das estruturas danificadas pela enchente de maio, as reformas na instituição de ensino também viabilizaram a recuperação de espaços que não eram utilizados mesmo antes da enchente histórica de maio.
Um exemplo é a reforma de um antigo auditório, antes utilizado como depósito. A estrutura teve o assoalho trocado e vai poder sediar eventos novamente. Para a vice-diretora da instituição, Rosella Bruxel de Quadros, a reforma gera expectativa não só na comunidade escolar, mas também no bairro Sarandi.
— A gente nunca teve uma sala de aula tão linda. Antes parecia um retalho, uma pintada de branca, outra de azul, outra verde. Os pais já estão ansiosos para voltar, eles veem a escola bonita, falam que querem que o filho estude nessa escola. A escola é referência no bairro, porque ela tem 70 anos. Nós estamos avaliando criar visitações públicas para que a comunidade veja essa escola reformada, porque é a segunda casa deles (dos alunos) — explicou Rosella.
*Produção: Maria Stolting