As obras de demolição na parte de trás do Edifício Galeria XV de Novembro, o Esqueletão, no Centro Histórico de Porto Alegre, estão 60% concluídas — dois dos quatro pavimentos que ficam nos fundos do prédio já foram destruídos. A projeção é da prefeitura por meio da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi).
As datas para serem efetivadas a implosão e a conclusão total do serviço não estão definidas. Após a derrubada com auxílio de dinamite, o material resultante da implosão precisará ser retirado do terreno. A estimativa é de que o término dos trabalhos deverá acontecer no começo de 2025.
Nesta quarta-feira (16), a reportagem de Zero Hora visitou o canteiro de obras, onde o serviço foi retomado no dia 4 de setembro. Onze operários trabalhavam no local com equipamentos como marteletes e outras ferramentas.
No térreo, foi criado um espaço de convivência para os trabalhadores fazerem as refeições, que são entregues prontas por uma empresa. Em algumas salas, é possível ver resto de demolição e até um antigo e grande cofre que foi encontrado durante os trabalhos manuais de demolição. A marca da água da enchente de maio também está visível nas paredes do térreo. A água chegou aos 80 centímetros lá dentro.
Em outro pavimento, os ferros retirados das partes em concreto estão acumulados para envio posterior a destino correto.
"Material mais robusto do que o esperado"
A previsão da prefeitura de 40 dias para a demolição da parte de trás do edifício, do primeiro ao quarto andar, não se concretizou. Por enquanto, foram demolidos dois pavimentos. Os pilares de sustentação dos pisos contêm vergalhões, o que dificulta o trabalho.
— Encontramos material construtivo bem mais robusto do que a gente esperava. Isso está exigindo um pouco mais de tempo — afirma o secretário da Smoi, André Flores.
O que tem sido retirado do canteiro de obras passa por separação. A caliça é encaminhada para aterro específico na Zona Norte. E os demais materiais são enviados para locais apropriados para não haver risco de contaminação do solo.
Próximos passos
Ao término desta fase dos trabalhos, previsto para os próximos dias, um elevador será instalado, assim como elementos de proteção no 18º andar. Em seguida, começará a segunda etapa: a demolição manual de cima para baixo até o nono piso. A terceira fase será a implosão da parte central do imóvel.
— Neste momento, estamos demolindo mecanicamente os últimos dois pavimentos que faltam da parte dos fundos — explica o titular da pasta.
— Tiramos 400 toneladas até agora. A cada três dias, dá umas cinco viagens de caminhões — diz o diretor de Obras e Projetos da Smoi, José Carlos Keim
Obra ficou embargada por mais de seis meses
O processo de demolição do Esqueletão havia sido embargado pelo Ministério do Trabalho e Emprego no Rio Grande do Sul (MTE-RS) em 27 de fevereiro, após o órgão identificar condições inseguras para os trabalhadores.
Empresa responsável pelo serviço, a FBI Demolidora ajustou o que foi sinalizado pela fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho. Desde então, os trabalhos foram retomados e se concentram na parte de trás do prédio.
Localizado na Rua Marechal Floriano Peixoto, quase na esquina com a Avenida Otávio Rocha, o Esqueletão enfrentou interdições administrativas e judiciais ao longo da história. O imóvel está inacabado desde os anos 1950.
Após décadas de abandono, falta de manutenção e impasses entre proprietários e poder público, o edifício foi condenado por laudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O documento atestou o comprometimento das estruturas e apontou que, se nada fosse feito, o prédio de 19 andares poderia desabar.