A Polícia Civil indiciou nesta quarta-feira (30) a tutora do cachorro da raça American Bully que atacou uma mulher na semana passada no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Conforme o delegado Vinicius Nahan, titular da 2ª Delegacia de Polícia, a tutora foi indiciada por omissão de cautela na guarda de animal e por lesão corporal com dolo eventual.
Em depoimento, a mulher de 35 anos declarou que costumava usar a focinheira nos cães, mas que o acessório havia arrebentado no final de semana anterior ao ataque. Entretanto, câmeras de segurança em que a polícia teve acesso mostram a mulher saindo com dois animais na guia e sem a focinheira por diversas vezes.
— Nós concluímos que houve uma grave negligência por parte da tutora dos cães. Todos esses fatores levaram às conclusões de que, na verdade, ela assumiu o risco daquele animal atacar uma pessoa e ferir de forma grave. Porque, em razão disso, ela foi indiciada pelo crime de lesão corporal dolosa, em razão de dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de que aquela situação aconteça — explica o delegado Vinicius Nahan, responsável pelo caso.
Uma lei estadual determina que raças como a do cachorro envolvido no episódio somente circulem pelas ruas na guia e com focinheira. No dia 21, o cão atacou uma servidora pública de 52 anos quando ela abria o portão do condomínio para a tutora do animal.
A vítima foi arrastada pelo chão enquanto o cachorro mordia a perna dela. Ela precisou receber atendimento no Hospital de Pronto Socorro, ficou com diversos ferimentos pelo corpo e está afastada do trabalho. O caso foi registrado na Rua Miguel Couto.
Segundo a investigação, o mesmo cachorro já havia agredido um outro cão em um parque da Capital há cerca de três meses.
— Ela encaminhou o animal para uma espécie de creche, onde ele passaria por um processo de adestramento. E, além disso, a gente solicitou que ela encaminhasse esse animal para uma avaliação de um médico veterinário corportamental. O animal foi avaliado e o médico veterinário vai enviar esse laudo diretamente para a Justiça — explica Nahan.
Somados, os dois crimes pelos quais a mulher foi indiciada têm pena máxima de até um ano e dois meses de reclusão, podendo ser cumprida de outras formas. O inquérito foi enviado nesta quarta ao Ministério Público, que deve analisar o histórico da indiciada para decidir se oferece algum tipo de acordo ou se ela vai ser processada criminalmente em razão desses delitos.
Zero Hora tenta contato com a tutora do animal desde o dia da agressão. O espaço permanece aberto.