Maior templo em estilo neogótico de Porto Alegre, a Igreja São Pedro será tombada como patrimônio histórico do município. Situada na Avenida Cristóvão Colombo, no bairro Moinhos de Vento, a arquitetura do prédio centenário se destaca por sua beleza e imponência.
Responsável pela igreja desde o final de 2023, o padre Livio Masuero, 60 anos, enaltece o tombamento, que já passou pela etapa de inventário e por aprovação do Conselho do Patrimônio Histórico Cultural (Compahc).
— A Igreja São Pedro é um patrimônio de Porto Alegre, seja pela sua presença histórica no desenvolvimento do bairro, seja pelo estilo neogótico — afirma.
O religioso cita alguns motivos para o tombamento ter sido solicitado pela comunidade.
— Tem um acervo artístico enorme e importante, seja de pinturas no teto, seja do mobiliário, os altares neogóticos, bem como os vitrais. Isso é um patrimônio inestimável — enumera.
Neste momento, a Igreja São Pedro passa por reparos internos no forro do coro, que teve uma parte caída depois de uma forte tempestade ocorrida em janeiro deste ano. Um andaime pode ser visto perto da principal porta de entrada.
O arquiteto responsável pela justificativa de tombamento, Lucas Volpatto, 39, menciona que a igreja já está tombada de forma provisória. Porém, é necessário aguardar a homologação e a publicação no Diário Oficial de Porto Alegre.
— É o maior templo neogótico de Porto Alegre e um dos maiores do Rio Grande do Sul. Os vitrais são da Casa Genta e da Casa Veit, e as pinturas dos irmãos Curci. E tem a importância para a comunidade do desenvolvimento da Zona Norte. Enfim, esse conjunto de atributos mostra a importância do motivo para se tombar — justifica.
Quando for oficialmente tombada como patrimônio histórico cultural do município de Porto Alegre, a Igreja São Pedro terá status semelhante ao da Catedral e da Cúria Metropolitana, do Pão dos Pobres e da Confeitaria Rocco. Entre as vantagens do tombamento está a possibilidade de se cadastrar a igreja em leis de incentivo à cultura estadual e nacional.
Igreja surgiu a partir de capela erguida em 1887
Os primórdios da igreja têm relação com uma capela dedicada a São Pedro, padroeiro do RS, que foi erguida em 1887 por iniciativa de Eduardo Azevedo de Souza Filho e sua esposa. A primeira celebração de missa seria realizada no ano posterior, em 22 de outubro de 1888.
Definida como Matriz do Curato de São Pedro, em 1917 a comunidade decidiu erguer um templo maior. No ano posterior, foi aprovado o projeto do arquiteto tcheco Josef Hruby. A proposta era construir um templo neogótico.
A construção ficou sob responsabilidade do mestre de obras Franz Rhoden. Em 4 de abril de 1919, foi realizada a primeira missa. Na oportunidade, as obras ainda estavam inacabadas. Naquele ano, o Curato foi elevado à condição de Paróquia.
Em 1920, a igreja foi inaugurada de forma provisória, sem rebocos e com as suas duas torres inacabadas.
A ornamentação interna, sob a responsabilidade da empresa de João Vicente Friedrich, teve início em 1922.
Sete anos depois, foram implantados os altares em madeira. A primeira torre da igreja foi concluída nesse mesmo ano. A obra foi executada pelo arquiteto Vitorino Zani, que conduziu o revestimento da fachada.
Por sua vez, as pinturas internas iniciaram em 1944. Foram feitas por Pedro Paulo Curci, com a colaboração de seu irmão Attilio.
Os vitrais foram desenvolvidos pelas casas Irmãos Veit (na nave) e Genta (no presbitério). Esses elementos possuem reconhecido valor artístico.
A Igreja São Pedro passou por intervenções internas em 1985. As obras foram lideradas pelo irmão Lassalista Renato Koch, que realizou obras nas paredes, nos forros e na colunata.
Na ocasião, foram inseridos alguns elementos decorativos como as vinhas e realizadas intervenções na pintura dos irmãos Curci.
Também foram introduzidos os retábulos laterais em madeira, os lustres da nave, as arandelas de latão, as tulipas de vidro e inserido o revestimento em pedra arenito de algumas paredes. A pintura externa recebeu reparos em 2006.