Com estragos causados pela enchente de maio, a orla de Ipanema, na zona sul de Porto Alegre, começou a ser recuperada, com promessa de melhorias para conter futuras cheias. A ordem de início dos trabalhos foi dada na manhã desta quinta-feira (10), pela Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), e do Escritório de Reconstrução e Adaptação Climática.
O serviço está sendo realizado pela empresa Âmbar e o gerenciamento é da Tecplan. Para execução do projeto serão investidos R$ 9,42 milhões. Outros R$ 490,9 mil serão destinados à empresa que fará a supervisão e fiscalização das obras. O recurso virá de contrapartida da construtora Multiplan, que está construindo um empreendimento na Zona Sul com investimento previsto de R$ 5 bilhões em 10 anos.
Antes disso, em maio de 2023, a prefeitura havia entregue a revitalização do calçadão de Ipanema. As intervenções foram realizadas em um trecho de aproximadamente dois quilômetros.
Estas novas obras têm prazo previsto para oito meses e serão fiscalizadas por técnicos da secretaria. Para o secretário da Smamus e coordenador do Escritório de Reconstrução e Adaptação Climática, Germano Bremm, o objetivo é garantir segurança para a região, que frequentemente fica alagada com a chuva.
— A gente sabe que a água sobe, as ondas tendem a bater com mais frequência e, se não tem uma estrutura robusta, a gente certamente vai ter problema novamente — explica.
O plano abrange a área às margens do Guaíba, com previsão de reforma do calçadão, reparos nos equipamentos e melhorias na acessibilidade e infraestrutura. Será derrubado o muro atual, que é de pedra, para substituição por uma cortina de contenção de concreto de até 45 centímetros acima do nível do calçadão.
— A principal diferença, e o ponto chave da resiliência, é que a gente não está construindo o mesmo, mas está qualificando uma estrutura mais adaptada e adequada à situação do local, que é justamente ter uma contenção numa dimensão que suporte bem toda a pressão da água e contenha de avançar sobre o calçadão e a avenida — ressaltou o arquiteto Alex Souza, coordenador do Eixo de Recuperação de Infraestrutura no Escritório de Reconstrução e Adaptação Climática.
A medida é pensada para quebra de ondas em momentos de cheia com enrocamento de pedras para proteção (dispositivo amortecedor formados por estrutura executada em pedra, destinado à proteção de taludes e canais). A ideia também é aproveitar a nova estrutura de concreto, que se estenderá por dois quilômetros, para que a população utilize como banco para descanso.
— A estrutura faz com que a água não puxe a areia que tem embaixo do calçadão. Hoje o principal problema de desmoronamento foi essa retirada de areia desse substrato (que fica abaixo do piso), então acabou gerando fragilidades. Se a gente fosse recuperar isso, ia ser muito custoso, então buscamos uma solução mais eficaz para esse problema — esclarece arquiteto da Diretoria de Áreas Verdes da prefeitura, Andrey Vargas.
O planejamento ainda prevê que o calçadão seja trocado e alargado para ampliar a circulação de pedestres. Novas áreas verdes serão inseridas, como forma de retenção da água da chuva e redução das temperaturas. Para amenizar o impacto das ondas, serão preservados e reestruturados os espaços com mata ciliar que ficam na faixa de areia.
O espaço de lazer será revitalizado na área antes da Avenida Guaíba, com a manutenção da academia ao ar livre, playground e chuveiros. Haverá ainda a recuperação do canteiro central da avenida, com instalação de bancos e reforma do mobiliário.
Já perto dos arcos do calçadão, o muro será refeito e o banheiro será trocado por uma estrutura mais alta. Churrasqueiras e mesas também serão reformadas.