O incêndio que atingiu um prédio de 12 andares na Avenida Borges de Medeiros, no Centro Histórico, em Porto Alegre, foi controlado pelos bombeiros no começo da tarde desta quarta-feira (4). Por volta das 14h, a via, que estava bloqueada para o atendimento do sinistro, foi liberada para o tráfego, nos dois sentidos.
— Nós realizamos o combate ao incêndio em uma das unidades que ficava no oitavo pavimento e de uma imediatamente superior a ela, que também foi atingida. Depois disso, nós fizemos buscas para descartar a existência de qualquer vítima no interior da edificação. Agora nós vamos realizar uma verificação no prédio para garantir que não haja mais nenhum pequeno foco de incêndio — detalhou o capitão do Corpo de Bombeiros Fábio Cristiano Lopes.
O prédio foi interditado parcialmente, conforme o comandante regional do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Alexandre Sório Nunes. Os moradores dos pavimentos 7º, 8º e 9º só poderão retornar para suas residências após apresentarem um laudo estrutural, elétrico e hidráulico para a corporação. O documento, que deve ser enviado dentro de cinco dias, precisa ser analisado e aprovado pelos bombeiros para que as famílias possam voltar a morar onde ocorreu o incêndio. Os outros andares já foram liberados para os moradores, afirma o militar.
Enquanto não puderem retornar para os apartamentos, os moradores terão de se alocar na casa de parentes, amigos ou em hospedagens. A Defesa Civil de Porto Alegre chegou a oferecer abrigo a esses moradores, mas, de acordo com o órgão, nenhum demonstrou interesse no auxílio.
Ainda não se sabe a causa do incêndio. O motivo deve ser revelado em um laudo de perícia, realizada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).
O susto
A síndica Geneci Vieira, 74 anos, foi surpreendida pelo incêndio. Ela, que mora há 14 anos no local, chegava de uma consulta médica quando viu a movimentação causada pelas chamas.
— Bem na hora do começo do fogo, eu cheguei. Queria entrar, porque estava preocupada, mas os bombeiros já não deixavam, então fiz o que pude aqui de fora para saber como estavam as pessoas — relata a síndica, que zela por 130 moradores do edifício.
A síndica suspeita que um problema no ar-condicionado em apartamento no oitavo andar possa ter iniciado o incêndio. Ela afirma que um casal de idosos reside há cerca de duas décadas no local.
Observando a fumaça preta que saia de uma das janelas do edifício vizinho ao Cinema Capitólio, Jone Muller, 46 anos, esperava, aflita, por notícias dos pets Thor, um cachorro de 11 anos, e Francisco Alberto, uma caturrita de cinco anos. Apesar de morar apenas dois andares abaixo do epicentro do fogo, a maior preocupação, conta, era com os animais, e não com bens materiais.
Ela relembra que estava em casa quando sentiu cheiro de fumaça e foi ao corredor verificar o que acontecia. A partir daí, percebeu a gritaria dos vizinhos a respeito de um incêndio e deixou a edificação, às pressas. Na correria, acabou por deixar os bichinhos em casa, o que a fez pedir resgate aos bombeiros. Após cerca de três horas, ela finalmente pôde reencontrar os animais companheiros e ficar aliviada.
Com lágrimas nos olhos, a comerciante Carmen Lúcia Rodrigues, 52 anos, segurava a caixa de transporte do gato Lulu quando a reportagem de Zero Hora a encontrou. Ela havia perdido o felino em meio ao incêndio. O animal se escondia embaixo da cama, no 12º pavimento do prédio, até ser localizado e salvo pelos bombeiros.
A comerciante vive há uma década no prédio e relata nunca ter visto nada parecido ocorrer no prédio. Apesar do susto causado pelo incêndio, ela ainda avalia a continuidade da residência no local.
O caso
Conforme o Corpo de Bombeiros da Capital, as chamas começaram por volta das 10h, em um apartamento do oitavo andar do edifício. A corporação diz que ainda não é possível saber o que causou as chamas.
Não houve vítimas ou feridos nessa ocorrência. No entanto, dois idosos inalaram fumaça e foram encaminhados para o atendimento médico.
O incêndio mobilizou quatro caminhões dos bombeiros, além de outras cinco viaturas de apoio, uma ambulância de resgate e um helicóptero dos bombeiros.