A família Tavares teve uma parte arrancada de forma abrupta há pouco mais de duas semanas. A filha, irmã, mãe e avó Jane Maria Tavares Fraga, 58 anos, morreu atropelada na Avenida Cavalhada, enquanto se dirigia até a parada de ônibus onde costumeiramente pegava o transporte para o trabalho. Eram 5h20min do dia 27 de julho. O motorista que a atingiu fugiu do local sem prestar socorro.
Alexandre Tavares, um dos cinco irmãos da vítima, afirma que a mãe deles ficou bastante abalada com o acontecido:
— Desde o acidente de carro, minha mãe passou a tomar remédios para se acalmar e dormir. Ela chora desesperadamente.
O episódio marca uma segunda tragédia para a família. Há cerca de 18 anos, um irmão de Jane faleceu por problemas de saúde. Agora, no entanto, além do luto há o sentimento de impunidade.
— O que mais machuca a minha mãe, que é a pessoa que mais está sofrendo, é que o atropelador sequer teve a dignidade de parar e prestar socorro. O sentimento é de injustiça e de indignidade — conta Tavares.
Segundo a Polícia Civil, um inquérito sobre o caso está em andamento na Delegacia de Trânsito da Capital. O motorista que atropelou Jane já foi identificado e ouvido pela polícia. O nome dele não foi divulgado. "Estamos no aguardo dos resultados das perícias feitas pelo IGP (Instituto-Geral de Perícias)", informou a instituição.
Quem era Jane
Moradora de Porto Alegre há seis anos, Jane Maria Tavares Fraga era servente de limpeza na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Diariamente, por volta das 5h, ela fazia o mesmo trajeto, saindo de casa, na Rua Coronel Timóteo, seguindo até a Avenida Cavalhada, onde pegava o coletivo que a levava até o serviço. Naquele dia 27, ao cruzar a avenida, foi atingida por um carro.
Jane vivia sozinha na Capital, depois de ter residido por alguns anos nas cidades de Butiá e Charqueadas. Ela tinha dois filhos e cinco netos, que moram em Charqueadas.
— Jane tinha uma vida sofrida, morava de aluguel e vivia com o salário que ela ganhava de faxineira. Ainda assim, ajudava os filhos, mandava um dinheirinho todo mês. Ela tinha muitas dificuldades financeiras, mas não desistia. Ela era uma guerreira — conta o irmão Alexandre Tavares.
Amante de shows de rock e eventos de moto, ela tinha um gato, que foi adotado depois de sua morte pelo irmão mais novo, Alexandre. No futebol, torcia pelo Internacional.
Segundo familiares, Jane era apegada à família e costumava visitar, diariamente, o atelier de costura da mãe para conversar e fazer companhia a ela.