Dois meses após o Rio Grande do Sul ser atingido pela enchente, Porto Alegre ainda registra áreas alagadas entre os bairros Navegantes e São Pedro, na Zona Norte. O trecho entre a Rua Voluntários da Pátria e a Avenida Sertório, ao lado dos trilhos da Trensurb, segue com acúmulo de água e apenas veículos de grande porte conseguem trafegar na área.
A reportagem esteve na região nesta quarta-feira (3) e conversou com profissionais que trabalham em serviços de limpeza no entorno, comerciantes e moradores. Felipe Camargo, 57 anos, está trabalhando na retirada de resíduos de uma loja do DC Shopping e resolveu registrar o alagamento, o qual teme que não seja solucionado.
— Eu acho mesmo é que nunca vão resolver isso aqui. Fico com pena de quem precisa fazer esse deslocamento diariamente e não consegue. Hoje, vim dar uma olhada por curiosidade, mas não me parece ser tão simples — lamentou.
O feirante Luiz Oliveira, 66 anos, que mora no bairro Navegantes, acredita que o problema no escoamento possa ter maiores consequências em futuras chuvas. No local, a água está vertendo por dois bueiros e há problemas na tubulação.
— Eu, por sorte, consegui tirar tudo de casa, até o cachorro. Acho que vai cair uma parede ou outra, mas isso não é problema agora. Problema mesmo são esses canos todos aí, que estão todos entupidos, e vai afetar a cidade – disse.
No trecho dos trilhos, embaixo da antiga ponte do Guaíba, o nível de água acumulada está acima de um 1m50cm de altura. Na região, há uma casa de bombas, que pertence à Trensurb, fora de operação. Ao acessar a estrutura, que teve as portas arrancadas pela água, a reportagem constatou que não havia fiação - roubada, segundo funcionários da empresa.
GZH procurou a Trensurb para saber quais ações foram tomadas para fazer o escoamento na região, mas não obteve uma resposta até a publicação da reportagem. Na casa de bombas, não havia sequer os motores da estação. Ao lado, na comporta de número 14, arrancada pela força da água durante a enchente, há uma estrutura de recomposição emergencial, com sacos de areia e pedras, ainda não retiradas pela prefeitura.
Segundo o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), sem a casa de bombas da Trensurb, a capacidade de escoamento de água na região é reduzida. A cota dos terrenos na área, conforme a autarquia, é praticamente igual à do Guaíba, sem declividade com a região.