Voluntários que atuam na central de distribuição de doações da Defesa Civil estadual em Porto Alegre encontraram milhares de litros de água expostos ao ar livre, na parte externa do local. O armazenamento inadequado, que seguia até segunda-feira (24), deixou parte dos itens com cor esverdeada.
A água foi arrecadada no contexto da enchente no Rio Grande do Sul, que segundo os dados mais recentes da Defesa Civil causou a morte de 178 pessoas. Mais de 800 ficaram feridas. No auge da enchente, na primeira quinzena de maio, cerca de 85% da população da Capital ficou sem água. No entanto, ao longo das semanas, a necessidade pelo item diminuiu, gerando menos demanda, segundo a Defesa Civil.
— A oferta é muito grande e a demanda não é equivalente. Em vários momentos é necessário usar espaços externos. Melhor deixar a água do que outros itens na parte externa. A gente tenta fazer a destinação rápida, mas se chega vencida ou com prazo a vencer não é necessário que se coloque, daí, em abrigo — disse o tenente-coronel da Defesa Civil, Daniel da Silva.
A cor esverdeada presente em parte das garrafas está associada ao surgimento de algas e de bactérias. O fenômeno pode comprometer a qualidade da água e causar riscos à saúde.
A Defesa Civil justifica que as águas deixadas do lado de fora estão próximas do prazo de validade e que tem realizado a distribuição de garrafões para escolas, hospitais e instituições de caridade. No entanto, não consegue diminuir o estoque, que segue grande.
Voluntária revela indignação
A voluntária Litania Fachinello partiu de Santa Catarina para auxiliar na reconstrução do Estado. Ela se revoltou com a situação e filmou o local na semana passada.
— Eu imagino o quanto custou pra essa água chegar aqui. Olha as garrafas, gente, olha só — disse, enquanto registrava os litros expostos.
Ela explica que conversou com outros voluntários para entender se tinham respostas para a situação. Entretanto, todos haviam se mostrado tristes e indignados com o caso.