Quase um mês após a água baixar, o lixo - entulhos e material orgânico - permanece nas ruas e no cotidiano dos moradores de alguns bairros de Canoas. Os habitantes reclamam do mau cheiro, da circulação de animais e insetos e da dificuldade de deslocamento. Enquanto isso, a prefeitura busca alternativas para acelerar o processo de limpeza. Uma delas diz respeito a contratação de microempresários e microempreendedores individuais (MEI) que possuem maquinários para auxiliar na operação.
Segundo a prefeitura, a iniciativa pretende incluir pessoas que tenham materiais como caminhões e retroescavadeiras, e que não teriam condições de atuar por meio de licitação. O edital detalhando o processo deverá ser publicado ainda nesta quarta-feira (26). No entanto, GZH adiantou algumas informações sobre como vai funcionar.
Assim que as regras forem publicadas, os empresários poderão manifestar interesse por meio de um e-mail para a Secretaria Municipal de Licitação e Contratos. Será necessário apresentar documentos comprovando o vínculo como MEI ou microempresário, além de informar quantos maquinários possui.
Com a autorização da prefeitura, será possível dar início aos trabalhos. Os profissionais receberão valores conforme o tipo de equipamento, a quantidade, e o número de horas trabalhada.
Os preços ainda não foram definidos, e devem ser regulados conforme o Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi). Quem for utilizar uma retroescavadeira, por exemplo, deverá receber entre R$ 180 e R$ 200 por hora. O município não trabalha com limite mínimo de maquinários.
— Quanto mais credenciados melhor, a gente torce que tenha o maior número possível. Então a gente deixa aberto o credenciamento, a pessoa se habilita naquele valor, e aí ele vai apresentar quantas retros ele tem. Depois já vai começar a prestar o serviço para a prefeitura — afirma o secretário de serviços urbanos Lucas Lacerda.
Atualmente o município dispõe de 320 funcionários trabalhando nas ruas — sendo 120 para o recolhimento de lixo. Uma nova empresa foi contratada. A THV terá 120 retroescavadeiras, 240 caminhões caçamba e 25 caminhões tipo garra. O maquinário será destinado para a retirada dos entulhos nos bairros Mathias Velho, Rio Branco, Fátima, Mato Grande e Harmonia, atingidos pela enchente. O serviço deve iniciar até a próxima semana.
Mau cheiro persiste em várias ruas da cidade
Até mesmo ruas movimentadas dos bairros Mato Grande, Rio Branco, Harmonia e Mathias Velho seguem com entulhos que bloqueiam parte da via.
Na escola municipal de ensino infantil Assis Brasil, no Mato Grande, uma montanha de entulho formada por materiais usados em sala de aula bloqueia a entrada da escola quase entra na instituição.
Já na Rua José de Alencar, bairro Rio Branco, o mau cheiro é a principal reclamação dos moradores. A via é um dos principais acessos para a Perimetral Oeste, rota que liga diversos bairros da cidade e é alternativa para a BR-116.
— A dificuldade é pra almoçar, tomar café, jantar, dormir. Ou tapa a cabeça toda pra não sentir o cheiro, ou não consegue, é insuportável — reclama João Martins.
Para evitar que ruas limpas voltem a receber acúmulo de lixo, a prefeitura iniciou na última terça-feira a colocação de contêineres, para moradores que seguem retirando rejeitos de casa. Até o início da manhã eram 42 caçambas já colocadas, sendo a maioria no bairro Rio Branco. A expectativa da prefeitura é encerrar o dia com cem.
O processo é feito por meio de convênio com empresas de entulho, que fornecem suas caçambas. É proibido o descarte de resíduos orgânicos ou animais mortos.