Foi em meio a aplausos que a mãe de Sarah Silva Domingues recebeu, na sexta-feira (28), o diploma da filha na colação de grau do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. A estudante foi assassinada a tiros aos 28 anos, em janeiro, enquanto fazia uma pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na Ilha das Flores. O tema era os alagamentos nas ilhas em razão das chuvas na Capital.
Além da homenagem póstuma, um barrete foi colocado em cima de uma cadeira vazia para marcar o lugar de Sarah na cerimônia.
Sarah nasceu em São Paulo e morava em Porto Alegre há cerca de oito anos. Militante do movimento estudantil, ela lutava por justiça social. Foi coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) e integrou o Conselho Universitário da UFRGS.
Após sua morte, o Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura (DAFA) da universidade foi renomeado para "DAFA Sarah Domingues - UFRGS".
O assassinato
No dia 23 de janeiro, por volta das 19h30min, a estudante realizava uma pesquisa em um mercadinho na Ilha das Flores, quando foi atingida no peito e nos braços. Dois homens em uma moto dispararam tiros no local. Sarah não resistiu. O dono do estabelecimento também foi morto no mesmo ataque. Valdir dos Santos Pereira tinha 53 anos.
De acordo com a Polícia Civil, o alvo dos criminosos seria o dono do estabelecimento, que estaria incomodado com o tráfico de drogas na região. A aluna não tinha qualquer ligação com o crime. Segundo a Brigada Militar, equipes foram acionadas por moradores da região que ouviram os disparos.
Duas semanas depois, no dia 6 de fevereiro, a Polícia Civil prendeu temporariamente cinco pessoas suspeitas. Os presos seriam o mandante do assassinato, dois executores e outras duas pessoas que teriam envolvimento no crime.
Depois, na noite de 21 de fevereiro, o traficante Maicon Donizete Pires dos Santos, conhecido como "Red Nose", também foi preso preventivamente. Conforme explicou a instituição ao g1, Maicon teria "emprestado" os homens que participaram do ataque. Foragido, ele foi capturado em Garopaba, Santa Catarina. As investigações apontam que a morte de Sarah pode ter sido realizada por um grupo criminoso da zona norte da Capital, com o qual Maicon tem envolvimento.