Mesmo com previsão de chuva para o final de semana, a prefeitura de Porto Alegre anunciou, nesta sexta-feira (14), o início da implementação de ações para recuperação do trecho 3 da orla do Guaíba. Submerso por semanas, o espaço agora já está seco, mas ainda carrega marcas da enchente. De faixas marrons nas goleiras brancas, indicando o nível onde a água chegou, à vegetação morta, a estimativa inicial é de um prejuízo de R$ 5,8 milhões, de acordo com a plataforma Reconstruir Porto Alegre.
A prioridade da prefeitura neste momento será o conserto das erosões causadas pela enchente nas rampas de acessibilidade e de acesso à Orla e em uma parte da pista de skate. Nessa primeira leva, a passarela de metal também receberá manutenção.
— É um espaço muito frequentado pelos porto-alegrenses, precisamos recuperá-lo o mais rápido possível — justificou a secretária da Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ), Ana Paula Bastos, que faz a gestão do espaço.
Outros prejuízos no trecho 3 da Orla estão nas pracinhas, nos brinquedos para crianças e nos aparelhos da academia ao ar livre. As ações envolverão a troca de areia do piso, um novo revestimento e a instalação dos aparelhos de academia e de brinquedos.
Disputada pela população faça chuva ou faça sol, as quadras esportivas também tiveram perdas. Para recuperação, a pasta prevê a análise da areia e a colocação de uma nova camada do material sobre as quadras para suprir a quantidade retirada pela água. Já as quadras de grama sintética estão passando por um processo de lavagem dos resíduos. Depois, receberão areia e novo granulado de borracha. Os banheiros e os vestiários também foram destruídos pela água e, posteriormente, por vandalismo, e precisarão ser totalmente recuperados.
Apesar do anúncio de mobilização da prefeitura, na manhã deste sábado (15), a movimentação no local era apenas da população. Engenheiro e e skatistas "nas horas vagas", como ele mesmo se definiu, Rodrigo Barneche veio pela primeira vez depois da enchente à Orla.
— Está bem destruída, (tudo) bem feio. O meu medo é isso aqui ficar anos assim, porque é uma possibilidade — afirmou, olhando em volta.
O retorno do skatista à Orla, onde vinha todos os finais de semana, ocorreu também por uma "necessidade dos tempos atuais". A escola do seu filho está realizando aulas nos finais de semana para recuperar o período sem disciplinas durante a enchente.
— Aí enquanto ele está na aula, eu estou aqui andando de skate — resume Barneche.
A servidora pública Denise Diniz de Castro, por outro lado, não conseguiu ficar longe do trecho 3 nem mesmo durante a enchente. Neste sábado, decidiu trazer junto a Nina Simone, uma vira-lata de cor preta que está na sua casa como lar temporário.
— Eu até ia chamar ela de "Orla" (quando adotei), mas achei que não combinava muito porque ela está tão bonita, e a Orla está tão destruída. É muito triste ver tudo isso — conta, emocionada.
Os recursos para recuperação do trecho 3 devem vir do município, de repasses do governo federal e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). As ações foram divididas entre as secretarias municipais de Obras e Infraestrutura (Smoi) e de Serviços Urbanos (SMSUrb).
Ainda estão nos planos da SMELJ a elaboração de um projeto para uma obra visando facilitar o escoamento da água da chuva das quadras de areia. No ano passado, as quadras de grama sintética foram liberadas apenas cerca de dois meses depois da enchente de setembro. Os espaços de areia demoraram mais tempo. De acordo com a secretária da pasta, ainda não há previsão de quando a recuperação do local ficará pronta.