Quando a cheia do Rio Jacuí começou a chegar à casa deles, no dia 2 de maio, Edna e Domingos Salvador comemoravam 43 anos de casamento. Durante todo este tempo, eles residiram no mesmo local, em Eldorado do Sul. Naquele dia, se prepararam para enfrentar a enchente, erguendo móveis e bens a mais de um metro do chão. Desta vez, no entanto, não foi o bastante.
— A gente nunca tinha visto água corrente aqui. Aqui parecia o Rio Jacuí. Uma correnteza terrível, não dava pé — lembra Domingos.
O casal, sua cachorrinha e vizinhos foram salvos por voluntários de Tramandaí, mesma cidade para onde Domingos e Edna foram, para se abrigar na casa da filha. Os dois voltaram para casa na terça-feira (21) e agora fazem a limpeza do que pode ser salvo.
Enquanto tenta tirar a lama que cobriu grande parte da casa, Edna se emociona ao apontar que sua estatueta de Nossa Senhora Aparecida foi uma das únicas coisas que seguiram no mesmo lugar dentro da residência:
— Caiu tudo quanto é coisa ao redor, a minha santinha não saiu do lugar. Foi água até em cima dela e ela não saiu do lugar. Todas as outras coisas saíram do lugar, menos ela.
Eldorado do Sul ainda tem 20 mil pessoas desalojadas. Partes da cidade seguem inundadas. Nesta quarta-feira, nos pontos que secaram, moradores começavam a fazer a limpeza e entulho se acumulava pelas ruas.