O Guaíba deve permanecer acima da cota de inundação, isto é, acima dos 3m, ao menos até o fim de maio. A projeção está no boletim diário emitido nesta quinta-feira (16) por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS.
A estimativa de que o Guaíba volte ao curso até o fim do mês considera um cenário sem interferência negativa do vento e sem chuva expressiva.
O boletim desta quinta-feira (16) traz ainda outros dois cenários, considerando a previsão de chuva e vento para os próximos dias. Com estas variáveis ponderadas, o IPH estima que o Guaíba siga acima de 3m por um período mais longo, que inclui o início de junho.
Na medição das 12h15min desta quinta (16), o Guaíba estava em 4m91cm. O nível apresenta tendência de queda desde a quarta (15).
O boletim é produzido pelos hidrólogos Fernando Fan, Rodrigo Paiva e Matheus Sampaio (leia abaixo a íntegra). O documento desta quinta (16) também projeta que o Guaíba seguirá acima de 4m até o início da próxima semana.
Duas semanas acima da cota de inundação
Nesta quinta (16), o Guaíba completou duas semanas com o nível acima da cota de inundação. Quando ultrapassa os 3m no centro de Porto Alegre, o Guaíba começa a avançar sobre o cais do porto. A partir deste ponto, o Centro Histórico depende da eficiência do sistema de proteção contra cheias (que inclui o muro da Mauá, comportas, diques e casas de bombas) para não ser tomado pelas águas.
Nesta enchente, o nível do Guaíba passou dos 3m no dia 2 de maio, às 13h15min. No dia seguinte, o Guaíba passou dos 4m. Em 4 de maio, foi rompida a barreira dos 5m.
O recorde histórico foi batido na madrugada seguinte. Em 5 de maio, às 5h15min, a régua marcou 5m35cm.
Leia abaixo a íntegra do boletim emitido pelo IPH nesta quinta-feira (16)
Previsões atualizadas de níveis d´água no Guaíba (quinta-feira 16/05/24 12h).
RESUMO: Os cenários de previsão indicam cheia duradoura, com redução lenta dos níveis abaixo dos 5 m. Deve permanecer acima dos 4 m até o início da semana que vem. Redução segue lenta, mantendo-se acima da cota de inundação de 3 m até o final do mês ou mais, dada a possiblidade de novas chuvas.
- Níveis recentes:
Os níveis do Guaíba apresentam níveis elevados em torno de 4,94 m (10:00). O pico registrado até o momento ocorreu no dia 05/05 em torno de 5,3 m. Iniciou recessão lenta em 08/05 até 4,56 m no 11/05 (sábado). Apresentou repique desde domingo (12/05) com maior elevação na terça-feira (14/05) superando 5,2 m, e iniciando recessão nas últimas 24h.
A principal preocupação do momento é como será a descida e duração em níveis elevados em função de possíveis chuvas e efeito do vento.
- Observações hidrológicas e previsão meteorológica:
Até sexta-feira, os rios afluentes ao Guaíba apresentavam lenta redução em níveis elevados (Jacuí, Sinos, Gravataí) ou moderados (baixo Taquari). Nas últimas 48h não houve volume significativo de precipitação. Mas nos últimos 5 dias, ocorreu precipitação expressiva de mais de 150 mm em grande região e mais de 250 mm em alguns casos, cobrindo grande parte das bacias do Guaíba. Os rios Taquari, Cai, Sinos e Jacuí apresentaram repique com resposta com subida para níveis elevados, sendo Taquari e Cai já em recessão, Sinos em estabilização iniciando recessão lenta e baixo Jacuí teve recessão atrasada.
Previsão de chuva com volumes maiores no nordeste do RS cobrindo parte da bacia do Guaíba, entre quinta e sexta-feira, podendo superar 50 mm em algumas áreas.
Precipitação na semana que vem no RS cobrindo grande parte do RS, com acumulados de mais de 150 mm nos próximos 10 dias em alguns locais. No momento o vento sobre o Guaíba e Lagoa dos Patos é fraco, mas deve ocorrer vento sul moderado até 35 km/h entre sexta e sábado, podendo persistir na segunda-feira.
- Previsão de níveis:
Considerando todas as incertezas envolvidas e com base em análise das observações até momento, foram desenvolvidos novos cenários de previsão.
Os cenários de previsão indicam cheia duradoura, com redução lenta dos níveis abaixo dos 5 m. Deve permanecer acima dos 4 m até o início da semana que vem. Redução segue lenta, mantendo-se acima da cota de inundação de 3 m até o final do mês ou mais, dada a possiblidade de novas chuvas.
- Recomendações:
Considerando a elevada duração prevista, recomenda-se atenção especial a população afetada; e ações imediatas para reestabelecimento de infraestruturas e manutenção de serviços essenciais como o saneamento básico.
*Fonte: Estas previsões são desenvolvidas com base na combinação de observações de chuva e vazão dos rios, modelo de previsão meteorológica, hidrológica e hidrodinâmica. Estas previsões foram elaboradas voluntariamente no Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH) da UFRGS, liderada pelos professores Fernando Fan e Rodrigo Paiva e pelo mestrando Matheus Sampaio (Engenheiro da RHAMA Analysis). 16/05/2024, 12h.