A enchente que atinge parte de Porto Alegre tem limitado de forma significativa a coleta de lixo na cidade. Em áreas alagadas, o serviço está suspenso devido às dificuldades de acesso de caminhões e trabalhadores.
Segundo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), nesta quinta-feira (9), seis bairros estão inacessíveis: Arquipélago (ilhas), Floresta, Humaitá, Navegantes, São Geraldo e Vila Farrapos.
Em outras 11 localidades, a coleta não chega em determinados pontos que estão tomados pela água: Assunção, Belém Novo, Centro Histórico, Cidade Baixa, Guarujá, Ipanema, Lami, Menino Deus, Praia de Belas, Ponta Grossa e Tristeza. Em grande parte deles, são os trechos de orla.
Além dos problemas enfrentados nas regiões inundadas, o efetivo dedicado ao recolhimento do lixo também foi impactado. Trabalhadores tiveram suas moradias atingidas.
— Muitos perderam as suas casas. Tanto do nosso corpo técnico, do nosso quadro de funcionários, quanto de empresas contratadas. Nós temos, por exemplo, a Cootravipa, que faz todo um trabalho de limpeza estratégica da cidade. Muitos estão sofrendo como os demais. Motoristas de caminhões das nossas empresas de coletas também perderam tudo — relata o diretor-geral do DMLU, Carlos Hundertmarker.
O diretor reforça que as coletas automatizada (orgânicos e rejeito via contêineres), de resíduo domiciliar porta a porta (orgânicos e rejeito) e seletiva (recicláveis) seguem ocorrendo nas partes da cidade sem inundação, onde há acesso seguro para os trabalhadores. A programação existente segue em vigor. No entanto, devido à enchente, existe a possibilidade de atrasos no serviço.
Durante seis dias, o lixo coletado em Porto Alegre não pôde deixar a estação de transbordo rumo ao aterro sanitário localizado em Minas do Leão, na Região Metropolitana, em função do bloqueio da BR-290. Com isso, a estação da Lomba do Pinheiro chegou a acumular cerca de 6 mil toneladas de resíduos sólidos domiciliares.
Na quarta-feira (8), uma rota alternativa foi disponibilizada pela Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit). O caminho foi testado e 15 carretas já foram encaminhadas ao aterro.
— Como tivemos esse período de chuva, as pessoas não descartaram. Mesmo assim, temos ali (no transbordo) um montante expressivo. Tem um volume expressivo represado, mas já começamos, nessa madrugada, a levar esses resíduos para Minas do Leão.
O trajeto tradicional é de cerca de 113 quilômetros, enquanto o alternativo inclui passagens pela RS-040, RS-118, BR-290, desvio pela BR-116 e novamente BR-290, somando cerca de 141 quilômetros.
Ponto de descarte de entulhos
Em entrevista à GZH, o diretor-geral do DMLU comentou que está sendo estudada a possibilidade criação de um grande ponto para descarte de entulhos, tendo em vista que milhares de pessoas foram atingidas pela enchente em Porto Alegre e há necessidade de um espaço maior que comporte os resíduos. Assim que o nível da água baixar, será possível ter uma real dimensão dos estragos.
— Estamos planejando uma grande força-tarefa. Inclusive, tivemos várias reuniões para definir um ponto de um grande bota-fora. Porque muitas casas e empresas descartarão os seus resíduos. Nós precisaremos de um ambiente maior para poder agregar tudo isso — concluiu Hundertmarker.