Os hospitais de Porto Alegre estão atuando desde o fim de semana apenas com atendimentos de urgência e emergência. Outro problema enfrentado pelas unidades hospitalares da capital é o racionamento de água, já que alguns estão sendo abastecidos com caminhões pipa. Agora, o principal obstáculo enfrentado é com a baixa no número de profissionais nos turnos de trabalho, afetados pela enchente.
Santa Casa
Os hospitais da Santa Casa de Porto Alegre cancelaram os procedimentos e cirurgias eletivas. Quimioterapia, radioterapia e diálise seguem normalmente. Somente no domingo (6) a unidade contou com uma baixa de 130 colaboradores.
— Nosso objetivo é contingenciar os recursos humanos — explica a diretora de Operações da Santa Casa, Gisele Nader Bastos — Tivemos um déficit de funcionários, principalmente técnicos de enfermagem, além do pessoal da higienização e da cozinha. Alguns ilhados, afetados pela enchente. E alguns não conseguimos contato — acrescenta.
Conforme a médica, o estoque de oxigênio e de materiais hospitalares, bem como medicamentos, está dentro da tranquilidade. Avaliações a cada 12 horas são realizadas. O heliponto da unidade também está ativo e em funcionamento durante o dia inteiro.
Hospital de Pronto Socorro (HPS)
O Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre atende somente urgência e emergência, não operando eletivos ou ambulatórios. Até nesta segunda-feira (06) a unidade não sofreu com falta de água e não precisou acionar caminhões pipa da prefeitura, mas ainda assim estão trabalhando com racionamento de água.
— Também tivemos uma queda no número de funcionários, principalmente técnicos de enfermagem. Alguns colaboradores estão fazendo mais plantões que o habitual, para cobrir os afetados pela enchente — explica a diretora geral do HPS, Tatiana Breyer.
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Desde a sexta-feira (03) o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) está trabalhando com medidas de contingência para poupar água. Os serviços eletivos e ambulatoriais também foram suspensos. Até nesta segunda-feira (06) o hospital estava com o estoque de mantimentos e oxigênio dentro do controle, mas avalia a possibilidade de falta.
— Comida, por exemplo, temos o básico. Arroz, feijão e carne. Legumes e frutas já não estão chegando. Oxigênio fomos abastecidos ontem (domingo 05), então por ora estamos tranquilos, mas analisando a situação — afirma a diretora-presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Nadine Claussel.
O hospital também sofre com a baixa de funcionários. Conforme a diretora, muitos não conseguem chegar, pois moram em áreas afetadas.
— São colaboradores de todas as áreas do hospital. Alguns perderam tudo, então também estamos oferecendo acompanhamento psicológico. Alguns estão inclusive se alojando no hospital, pois não conseguem voltar para as suas residências — completou.
Grupo Hospitalar Conceição (GHC)
O Grupo Hospitalar Conceição, que compreende os hospitais Conceição, Criança Conceição, Cristo Redentor e Hospital Fêmina e a UPA Moacys Sclicar, seguiram com os atendimentos de urgência, emergência e algumas eletivas que estavam agendadas. Na avaliação do diretor de Atenção Primária à Saúde do Grupo, Luiz Benvegnu Totti, os estoques de medicamentos e oxigênio estão dentro do controle, porém estão atentos para a possibilidade de falta.
— Também estamos abastecidos com caminhões pipa em todas as unidades e controlando o consumo, com alimentação simplificada — explicou — Percebemos a baixa de colaboradores, mas depende de cada escala de cada turno — completou.
Hospital Moinhos de Vento
O Hospital Moinhos de Vento também está atendendo apenas urgência e emergência, além de cirurgias de criticidade, como câncer ou fraturas. Ambulatório e eletivas estão com os atendimentos suspensos. Desde sexta-feira (3) a unidade está abastecida com caminhão pipa.
— Nós estamos com os estoques com um bom nível. Oxigênio temos os tanques cheios e com 10 dias de autonomia. Nossa principal preocupação é com a dificuldade de colegas chegarem até o hospital, ainda que fechar os eletivos já ajuda — explica a gerente de Risco, Segurança e Qualidade do hospital, Aline Brenner, que conta também que estão racionando o uso de água na unidade.
Hospital Ernesto Dornelles
Conforme solicitação das secretarias do Estado e do município, o Hospital Ernesto Dornelles também está com eletivas suspensas. Urgência, emergência, além de procedimentos de oncologia ou que causam prejuízo aos pacientes seguem. Insumos e oxigênio estão com estoque para até 10 dias. Aproximadamente 18% do quadro de funcionários foi atingido.
— Muitos colaboradores moram ao redor de Porto Alegre, mas não chegou a comprometer o funcionamento do hospital. São 18% de todo o quadro geral —
Por enquanto o HED não precisou acionar caminhão pipa e segue com protocolos de racionamento.
Hospital Mãe de Deus
O Hospital Mãe de Deus foi o mais afetado da Capital. Com a elevação do Guaíba, a água atingiu a rua José de Alencar e entrou água no subsolo da unidade, fazendo com que todos os pacientes tivessem que ser transferidos. No domingo (05) a direção informou que as transferências iniciadas no sábado (04) haviam sido encerradas. Agora o Hospital irá atuar na limpeza e organização da retomada da operação.
Hospital Presidente Vargas
O Hospital Materno Infantil Presidente Vargas atende emergência pediátrica, obstétrica e cirurgias de urgência está em funcionamento pleno. Procedimentos eletivos também foram suspensos, conforme determinação do Governo do Estado. A unidade hospitalar também contou com queda do contingente de funcionários, com profissionais ilhados.
Os estoques estão regulados e, de acordo com o diretor-geral do HMIPV, Cincinato Fernandes Neto, tanto oxigênio como remédios a unidade conta com um estoque para entre dois e três meses.
— Hoje (segunda-feira 06) estamos abastecidos de água com caminhão pipa. Desde sexta-feira estamos nesse processo. Estamos orientando a redução de consumo e como o ambulatório está fechado, que é um local que se utiliza bastante, estamos racionando o consumo — explicou o diretor-geral.